Sem oito ou oitenta. Talvez esta seja a frase que mais uso quando faço uma análise sobre o Criciúma. Não importa o momento, tampouco quem esteja no clube, ainda há por aqui uma hipervalorização dos acontecimentos, colocando o time como o centro do universo. Isso é ruim demais, porque transforma em “oba-oba” as coisas boas e despeja tudo em uma lata de lixo coisas que podem ser aprimoradas.
Observamos bem isso nos últimos dias. Depois de vencer o Avaí em Florianópolis, houve quem cravasse que o Criciúma eliminaria o Fluminense da Copa do Brasil – aconteceu o contrário. Apesar disso, a atuação e a maneira como se portou em campo agradaram o torcedor, que há tempos não via uma equipe que pudesse jogar de igual para igual com um grande do futebol nacional.
O Criciúma já virou a oitava maravilha do mundo após aquela série… Bastou o empate por 4 a 4 com o Brusque que foram entoados gritos de “time sem vergonha” e, quem outrora era aplaudido, passou a ser xingado e tratado como um atleta que desrespeita a camisa do clube.
É o famoso exagero nosso de cada dia.
O Criciúma ainda é um time em construção. Apesar da manutenção do elenco do ano passado, é notória a mudança na filosofia de jogo do time. Não há mais aquele jogo amarrado, físico e truculento observado nos tempos de Roberto Cavalo. O time atual joga com a bola no chão e constrói suas jogadas desde o campo de defesa. Isso leva tempo para mudar e muito treino para ajustar.
Claro que o torcedor tem o direito de estar insatisfeito com a situação do clube e com a seca de títulos no estadual (apenas dois no século é muito pouco mesmo), mas será que a culpa é mesmo de quem está no campo? Falo diretamente de jogadores e comissão técnica. Será que são eles mesmo os responsáveis por isso tudo?
Sei que o torcedor é passional e não posso cobrar deles uma análise fria e técnica do que vem acontecendo dentro do Criciúma, mas posso ao menos pedir racionalidade. Ser irracional atrapalha todo o ambiente porque não se pensa. Quando não se pensa, as atitudes tomadas são sempre equivocadas. O torcedor pode achar que não, mas ele faz parte de todo o processo do clube. O apoio incondicional faz um time esforçado brilhar, assim como a pressão descabida derruba um time promissor.
A fase do Criciúma não é propícia a crise e a barulheira feita. O time está sendo formado e Deivid vem trazendo boas ideias. Lembrem que o técnico carvoeiro não consegue ter uma semana cheia de treinos desde que a temporada começou no dia 24 de janeiro. Em 54 dias, foram 18 jogos, isso dá um jogo a cada três dias. Somado a isso, vem as viagens, normalmente de ônibus. Coloca na conta ainda os horários dos jogos. Alguns muito tarde, outros muito cedo. Se para um trabalhador normal isso já é sentido, visto a mudança de rotina, para um atleta é pior ainda.
O reflexo é visto na falta de treinamentos e também na condição física dos atletas, que já é observado que não parece boa. Se colocarmos isso na balança, veremos bem o quanto de exagero que estamos encontrando nesse momento.
Racionalidade, é o mínimo que posso pedir por agora.