Rodei pelas rádios de Criciúma após o último jogo do Tigre pelo Campeonato Catarinense. Ouvindo os comentários, tanto de analistas quanto de torcedores, a sensação passada era de que o Tigre havia sofrido um novo 3 a 0 para o Atlético Tubarão. O 1 a 1, que mais pareceu uma luta de boxe, com trocação durante 90 minutos, foi sumariamente ignorado por causa de um resultado que, definitivamente, não foi bom.
Dias depois desse jogo, já com a cabeça arejada e tentando recapitular os lances de maneira mais racional, constato que não foi essa desgraça toda. Longe disso, aliás. Não foi uma atuação dos sonhos, como não seria de um time que partia para o quarto jogo com Argel Fucks. Pode parecer otimismo demais, mas me parece claro que há, sim, uma evolução no Criciúma.
A começar pela proposta de jogo, muito mais clara desde a chegada de Argel. O “bumba meu boi” dos tempos de Grizzo, marcado por uma correria insana atrás do gol, foi substituído por uma equipe com linhas mais retraídas e buscando o erro adversário para aproveitar os espaços cedidos. Contando com extremas rápidos, como Maílson e João Paulo, e um meia que força passes para o ataque, Élvis, é uma estratégia que tende a funcionar se as conexões forem bem efetuadas.
Gosto sempre de frisar que proposta de jogo é algo que precisa-se entender e não crucificar. Se Argel considera que conseguirá fazer o time render mais com essa postura mais reativa, é necessário compreender e analisar seus reflexos, e não tentar impor algo que sequer é pedido pelo técnico.
Claro que há o que melhorar, como a recomposição dos extremos e um entendimento mais preciso entre esses mesmos extremos com os laterais na hora de atacar. Nada que com dias de treinamento não possa ser aprimorado.
Já é possível observar também um Criciúma mais agrupado e com alguns movimentos treinados, desde a saída de bola, com Barreto articulando, até as já citadas incursões laterais dos extremos, normalmente acionados por Élvis.
É óbvio que o Tigre não vai virar um time poderoso do dia para a noite. Argel ainda necessita de tempo para treinar e certamente já notou carências no elenco. Por isso é preciso de algo em falta há muito tempo no clube: paciência.
Qualquer catastrofismo é até plausível tendo em vista o momento tricolor, mas o treinador e o plantel atual estão no meio do furacão. O ano de 2018 tem corrido tudo da maneira mais turbulenta possível, e o Criciúma paga um caro preço por isso. Mas enquanto for cobrada uma aceleração anormal dos processos, tudo será pior.
A evolução tende a ser lenta e gradativa para um time que precisa entrar nos trilhos antes de se perder na estação.