Professor e pesquisador Felipe Dal Pizzol avalia cenário do Sul como positivo se comparado ao restante do país, mas alerta para necessidade da manutenção dos cuidados e recomendações.
Ninguém melhor do que quem atua diariamente na linha de frente do combate à Covid-19 e pesquisa sobre o assunto para explicar a situação atual na região e orientar a comunidade sobre as medidas a serem adotadas. Pensando nisso, a Unesc conta com a constante participação do professor infectologista e presidente da Comissão Temporária de Acompanhamento e Prevenção da Unesc, Felipe Dal Pizzol, compartilhando informações sobre a situação da pandemia no Sul de Santa Catarina, além do panorama mundial no que diz respeito à pesquisa. Diante do cenário que encontra no dia a dia do trabalho e a troca de informações com colegas de todo o país e de fora dele, para Felipe, não é hora de afrouxar as medidas e lidar de forma menos rigorosa com a situação.
O aumento do movimento de pessoas nas ruas e a sensação de maior liberdade ao passar dos dias, conforme o pesquisador, não podem fazer com que as medidas de prevenção sejam relaxadas. “Apesar da nossa aparente tranquilidade da situação da nossa região em relação ao restante do país e grande parte do mundo, não é hora de afrouxar. Estamos sendo beneficiados por isso, mas precisamos agir de forma a continuar com um bom cenário. Temos que ver a situação como um prêmio ao nosso Estado e nossa região ao estar fazendo a sua parte para se prevenir”, explica.
A relativa tranquilidade em Santa Catarina até o momento, de acordo com Felipe, é resultado de o Estado ter sido um dos primeiros em que o governo tomou atitudes mais enfáticas em relação ao isolamento social. “Acredito que isso tenha nos beneficiado de forma geral. Se analisarmos, a região Sul tem mais casos confirmados e mais óbitos, no entanto o Estado como um todo parece ainda beneficiado em relação aos outros. Essa situação pode mudar nas próximas semanas se levarmos em conta o fator protetor demográfico e a sazonalidade”, explica.
O afrouxamento nas medidas de prevenção e no distanciamento social, para o professor, só devem acontecer quando, de fato, houver redução muito significativa no número de casos da Covid-19. “As medidas recomendadas pela OMS para tentar reduzir ou tentar distribuir os casos em tempo maior para reduzir a sobrecarga do sistema de saúde são aplicáveis até que se tenha uma redução importante de casos. O fim da doença não vai existir, mas essa redução precisa ser muito significativa. Por mais que a gente entenda que a economia é importante, isso não faz com que se deva abrir mão da segurança envolvida. A indicação continua sendo, efetivamente, sair de casa só quando for necessário e se sair ficar distante das pessoas e com todas as medidas”, ponta.
Ao assistir notícias ou acessá-las em veículos confiáveis de comunicação, conforme Felipe, é importante que as informações não sejam menosprezadas como forma de minimizar a situação. “Liguem em qualquer canal de notícias por dez minutos. Aquilo que estão vendo não é fakenews. É a realidade. São milhares de pessoas internadas em UTI’s em São Paulo. Isso é o alerta de que a gente não pode relaxar. É difícil, penoso, estressante, mas é importante. É hora de continuarmos unidos por algumas semanas ou poucos meses, mas pela saúde de todos nós e entes queridos. A vida depois disso continua”, completa o pesquisador.
Colaboração nacional
Há um mês o Ministério da Saúde lançou as “Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19”, o qual contou com a participação do pesquisador Felipe Dal Pizzol entre os dez profissionais engajados na elaboração do documento. O manual de quase 400 páginas contou com o compartilhamento do conhecimento de grandes pesquisadores do país em prol da orientação dos profissionais de saúde no enfrentamento da pandemia no país.
O professor representa ainda a Unesc e a região na Coalizão Covid Brasil, um grupo de profissionais que realiza pesquisas para avaliar a eficácia e segurança de medicamentos para pacientes com infecção pelo coronavírus.
Em sua atuação na Universidade, Dal Pizzol ainda coordena o PPGCS (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde), um dos poucos programas nota 6 (de um máximo de 7) pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).