Em breve, Angola estará produzindo três variedades de milho desenvolvidas pela Epagri: SCS154 Fortuna, SCS156 Colorado e SCS155 Catarina. É que a empresa vendeu 4,6 toneladas de sementes para a fazenda Kambonbo, que fica no país africano. O embarque aconteceu nesta sexta-feira, 1, no Porto de Navegantes.
O interesse da fazenda angolana pelos milhos da Epagri se dão por suas características genéticas. A legislação do país proíbe o cultivo de milho híbrido. A sementes da Epagri são variedades de polinização aberta (VPA). Também chamadas de varietal ou variedades melhoradas, essas sementes são resultado de cruzamentos de diversos tipos de cultivares, que podem ser materiais crioulos, variedades melhoradas ou híbridos. O importante é que tenham as características desejadas para a nova planta.
Uma das características que diferencia o milho varietal é sua maior plasticidade, ou seja, tem mais variabilidade genética. Ele pode sofrer com oscilações climáticas, doenças e pragas, mas apresenta mais estabilidade que o híbrido, evitando perdas maiores de safra. No caso dos híbridos, como as plantas são geneticamente muito parecidas, terão reações similares a situações de estresse, gerando perdas maiores.
Foram necessários pelo menos 12 anos de estudos para se chegar a cada um dos cultivares, desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), que fica em Chapecó. O Fortuna foi lançado em 2006. Em 2009, chegou ao mercado o Catarina e, em 2010, o Colorado. Os milhos variedade da Epagri têm potencial de rendimento muito alto, semelhante ao híbrido, acima de 10.000kg/ha, alguns chegam a 12.000kg/ha.
Negociação
A negociação entre a fazenda Kambonbo e a Epagri foi intermediada pela Merina Intercommerce Services, de Joinville. Genival Corrêa, sócio da empresa, conta que o proprietário da fazenda conheceu os milhos VPA da Epagri em eventos agrícolas do Brasil e fez a encomenda à empresa joinvilense.
Segundo Genivaldo, a Kambonbo é uma fazenda que emprega alta tecnologia para produzir principalmente milho para fubá, soja, feijão e batata inglesa. Com as 4,6 toneladas de sementes compradas da Epagri, eles poderão semear 230 hectares de milho.
A Epagri faturou R$ 27,6 mil com a negociação da semente, que foi comercializada ao preço de R$ 6 o quilo, o mesmo valor praticado nas vendas aos agricultores catarinenses. O baixo custo da semente – até cinco vezes mais barata que uma híbrida – é um dos diferenciais do milho VPA.
Em Santa Catarina, os milhos varietais da Epagri são plantados principalmente no Sul do estado e na região de Rio do Sul.