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Epagri desenvolve tecnologia para produzir alho em regiões quentes

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Pela primeira vez a Epagri colheu alho no litoral catarinense. O feito só foi possível graças à vernalização, uma tecnologia que submete a semente da planta ao frio artificial para que ela possa produzir bulbo quando lançada no solo. Quando não são submetidas ao frio necessário, as plantas vegetam normalmente, mas não formam o bulbo, ou cabeça.

O experimento está sendo conduzido no Centro de Treinamento da Epagri em Tubarão e apresenta resultados promissores. O alho é uma cultura de alto valor agregado e pode se tornar uma boa alternativa de renda para os agricultores do Litoral Sul, já que é plantado a partir de junho e colhido até novembro, período em que a maioria dos cultivos da região, inclusive o fumo, estão paralisados.

“Provavelmente esse será a primeiro alho nobre produzido no litoral de Santa Catarina”, afirma Gilmar Carlos Michelon Dalla Maria, gerente da Epagri em Curitibanos e um dos responsáveis pela condução dos estudos em Tubarão. A região de Curitibanos, no Planalto Serrano, é tradicional produtora de alho no Estado, graças ao frio.

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Para viabilizar a produção de alho em Tubarão, dois lotes de sementes foram armazenados em câmeras frias, a temperaturas que variavam entre 2°C e 5°C, por períodos distintos: 45 e 50 dias. Nos dois períodos de vernalização testados os resultados foram positivos. “Todas as plantas apresentaram a formação do bulbo, como se tivessem sido plantadas numa região fria”, informa Gilmar.

Na safra que vem, a Epagri vai testar outros níveis de fornecimento de frio. Ainda será preciso fazer alguns ajustes técnicos, com o objetivo de aumentar a produtividade. Gilmar espera que, dentro de dois anos, a tecnologia esteja pronta para ser disponibilizada ao agricultor. Também será preciso treinar os técnicos da Epagri no Litoral Sul para que eles possam capacitar o agricultor local para esse cultivo, que é inédito nas regiões quentes do Estado.

A Epagri também está conduzindo experimentos de vernalização de sementes de alho no Alto Vale do Itajaí, em Chapecó e São Miguel do Oeste, com resultados semelhantes aos alcançados em Tubarão, especialmente no Extremo-Oeste. Gilmar prevê que no futuro essa se torne uma “alternativa de renda excepcional” para o agricultor familiar catarinense. Isso porque um dos maiores custos com a produção se concentra na mão de obra, mas como as propriedades do Estado costumam ser conduzidas exclusivamente pelos próprios membros da família, esse investimento não será necessário.

Além do frio, o cultivo de alho exige basicamente correção do solo e irrigação por aspersão ou gotejamento, investimentos bastante viáveis para a realidade da agricultura familiar catarinense. A vernalização poderá ser feita em espaços alugados em câmeras frias que já existam nos municípios, dispensando a compra deste equipamento pelo produtor rural.

Sem grandes investimentos necessários e com alto valor agregado, a vernalização pode ser a melhor solução para ocupar terras ociosas nas propriedades rurais catarinenses no inverno, já que a maiorias das outras produções se concentra nos meses mais quentes do ano. O mercado é promissor: atualmente o Brasil consome 300 mil toneladas do produto por ano e entre 70% a 80% desse total é importado.

Francine Ferreira – Gisele Dias


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