Desde a última segunda-feira, 24, por sete dias, todos os pré-candidatos à prefeito de Forquilhinha para as eleições 2020 estão tendo um espaço, nesta coluna, para expor suas ideias iniciais e posicionamentos a respeito de diversos temas de interesse público.
As perguntas foram criadas por esta colunista e a ordem das publicações foi definida por sorteio.
O quinto pré-candidato a ter suas propostas elencadas é o representante do PODEMOS, Juliano Arns.
De forma geral, qual a proposta do pré-candidato para as próximas eleições? Por que decidiu colocar seu nome à disposição?
Juliano Arns: Nossa proposta principal é recolocar o governo de Forquilhinha nos trilhos. Dimas, num pacote político de 4 anos atrás que tem também o presidente da Câmara Maciel da Soler, um no executivo e outro no legislativo, expuseram o quanto essa velha fórmula de juntar partidos só pelo poder dá muito errado. Por isso o PODEMOS vem para construir algo do zero, sem essas estruturas viciadas, fadadas ao insucesso como foram esses 4 anos com esses agentes mencionados.
Na minha experiência em gestão, sei o quanto o uso do serviço público para um partido ou um arranjo oportunista pode desmotivar bons profissionais de carreira e engessar a capacidade de investimento da cidade. A marca do PODEMOS será o enxugamento da máquina.
E por que faremos isso? Porque pela minha observação como vereador nesses três anos e meio, ouvindo as pessoas, iniciamos um trabalho com base em ideias, ao invés dos tradicionais conchavos ou uso das estruturas (cargos comissionados indicados só pelo critério político pelo prefeito e pelo presidente da Câmara) para fazer coligações grandes com compromisso de depois assentar cabos eleitorais e continuar inchando a máquina. Economizaremos só com folha, em torno de 160 mil por mês, suprimindo de imediato 40 cargos comissionados que hoje sobram conforme nossos estudos.
Assim, promoveremos um ambiente em que os efetivos possam desenvolver seu trabalho com resultados, ao invés de assistirem brigas de comissionados políticos que querem manter seu feudo eleitoral. Modelo ultrapassado que precisa mudar, dinamizando a máquina de modo a criar um melhor ambiente de negócios para quem quer investir e crescer junto com a cidade. Também porque, neste meu mandato como vereador, sempre tive uma posição clara sobre os temas da cidade, com embasamento técnico, e é por isso que me sinto preparado para levarmos essa experiência para a prefeitura. Isso me motiva a colocar o nome à disposição.
Em meio à crise econômica que se fortalecerá nos próximos anos por conta da pandemia do novo coronavírus, como alavancar o desenvolvimento econômico (comércio e indústria) do município, evitando a dependência de grandes empresas?
Juliano Arns: A manutenção das grandes empresas é fundamental para a recuperação no curto prazo, no pós pandemia. Contudo, a médio e longo prazos, temos espaço para construir um modelo que diversifique muito mais nosso movimento econômico. Rentabilizar as propriedades rurais com produtos de origem local e valor agregado (por exemplo, ao invés de vender apenas o leite in natura, por que não ter os melhores queijos da região?), revisar Plano Diretor e o papel dos Núcleos Industriais, atrair empresas de tecnologia e investir no desenvolvimento do potencial turístico.
Temos uma posição privilegiada, insumos como energia mais barata, relevo e integração logística com três modais: aéreo, férreo e rodoviário. Basta parar de fazer política partidária e sentar com o setor produtivo para pensar no futuro, não na próxima eleição de deputado ou prefeito…
Na mesma linha da pergunta acima, como vocacionar a economia de Forquilhinha para gerar mais emprego e, consequentemente, renda para a cidade?
Juliano Arns: Conforme a pergunta anterior, precisamos pensar em termos regionais, de forma a criar diferencial competitivo para a cidade. Isso passa por uma boa gestão pública, mais técnica e menos partidária, que seja parceira para o setor produtivo. Novos negócios, principalmente com maior valor agregado, conforme falado anteriormente, atraem mão de obra qualificada, capaz de elevar a renda média per capita. Elevação da renda e a boa distribuição dela é o desafio, porque sinaliza que o município cresce com qualidade, não apenas em quantidade.
Responsável por boa parte da movimentação econômica de Forquilhinha, a agricultura muitas vezes acaba desassistida, principalmente no meio familiar. Quais os projetos para o setor?
Juliano Arns: Intensificar parcerias com entidades de pesquisa, assistência técnica e extensão rural para instrumentalizar a agricultura familiar na rentabilização de suas propriedades. Novas culturas, além de um olhar diferenciado sobre possibilidades de turismo rural (artesanato, gastronomia, produtos orgânicos, roteiros ciclísticos no interior, dentre outras estratégias).
E o principal: maquinário da prefeitura não pode mais ser usado para atender quem é do partido. Tem que ter uma fila de espera pública, com critérios de atendimento que possam valorizar, por exemplo, o estímulo à emissão de notas. Para resumir, o serviço prestado à agricultura será feito com critérios técnicos e agenda pública, e não por relação pessoal com quem estiver como secretário(a).
Forquilhinha fez alguns financiamentos que precisarão ser pagos nos próximos anos. Como investir em infraestrutura no município, sabendo que uma parte considerável de recursos precisará ser empenhada no pagamento desses financiamentos?
Juliano Arns: Importante lembrar que a próxima gestão vai ter que pagar os empréstimos desta… O momento exigirá muito rigor fiscal, que os partidos tradicionais, pelo tamanho de suas coligações, não conseguirão fazer. O PODEMOS fará um raio X dos contratos atuais.
Ao mesmo tempo, com a economia que estamos propondo com a redução dos cargos comissionados, priorizaremos obras estruturantes, de acessibilidade e mobilidade. Devemos estudar também uma parceria com municípios vizinhos que já possuem usina de asfalto. Há muitas oportunidades que podem reduzir os custos e ampliar a efetividade do serviço prestado, basta competência técnica.
Projetos como um hospital para a cidade, atendimento 24 horas e a realização de cirurgias eletivas, por exemplo, estão sempre entre as propostas dos candidatos, eleição após eleição. São seus projetos? Como viabilizá-los, para que realmente possam sair do papel?
Juliano Arns: Sabemos o quanto é difícil para alguém com problema de saúde, aguardar sabe-se lá até quando para um exame de maior complexidade ou mesmo uma cirurgia. Há muita pirotecnia dos demais pré-candidatos sobre o tema da saúde. O que temos de fato: governo atual alegou que não vale a pena manter o pronto 24 horas e o fechou. Nós estudaremos a reabertura.
Outro fato: a pasta da saúde é vista como uma máquina de votos. Nós vamos valorizar os profissionais de carreira, chega de fazer política partidária com uma área essencial para a vida produtiva das pessoas. Há necessidade de recrutamentos transparentes para os postos técnicos e análise de desempenho, assim como nos demais setores da futura administração.
Somos contra um hospital 100% público mantido pela prefeitura, porque é totalmente inviável neste momento. Mas temos possibilidades de bons convênios para atendimento resolutivo até média complexidade, como a Associação dos Aposentados por exemplo, e isso é o que mais importa para as pessoas: ter saúde preventiva e básica, e menos tempo de espera quando precisar de uma especialidade.
Por muitos considerada como modelo na educação das fases iniciais, Forquilhinha ainda precisa melhorar o ensino oferecido a partir do Ensino Fundamental II, Médio e Técnico. É possível que o Governo Municipal se envolva nessas questões? Como?
Juliano Arns: Área essencial para nosso presente e futuro, principalmente no pós pandemia. Apesar de as séries mencionadas não serem atribuição direta do governo municipal, cabe ao executivo fazer caixa para investir em contrapartidas, por meio de parcerias com o Governo do Estado e também entes privados de ensino técnico profissionalizante.
O governo municipal tem a responsabilidade de estabelecer alianças estratégicas para resolver os problemas apresentados nos ensinos fundamental II, médio e técnico. Precisa fazer caixa para ter recursos de contrapartida, bem como capacidade de discutir parcerias com governo do estado e também entes privados de ensino.
Trataremos a Educação com três eixos básicos: a) infraestrutura da rede (condições de trabalho, recursos tecnológicos, equipe de apoio para promover inclusão), b) gestão (carreira, remuneração, qualificação dos profissionais, revisão da grade com educação financeira, empreendedorismo, sustentabilidade e robótica dentre outros, e avaliação de indicadores da área sobre o desempenho escolar dos alunos da rede) e c) comunidade escolar (promover ampla participação de pais e segmentos organizados da cidade e empresas dentro da vocação que Forquilhinha precisa fortalecer segundo os projetos apontados no DEL).
Preparar alunos com as competências do futuro, promovendo integração prática com o mercado de trabalho desde os ensinos médio e técnico, com projetos como menor aprendiz e estágios vocacionados.
O tamanho da máquina pública é alvo de muitas reclamações, e em Forquilhinha não é diferente. Reduzir o número de cargos comissionados na Administração Municipal é um dos projetos do pré-candidato para os próximos quatro anos, caso eleito?
Juliano Arns: outras pré-candidaturas falam em redução fazendo amplas coligações e negociações tradicionais. Como vão resolver isso se só querem o poder? Já falamos sobre nosso estudo e esse corte inicial de 40 posições hoje desnecessárias, também se refletirão em outras despesas, como aluguéis, veículos, água, luz, telefone, etc… Esta é nossa linha de trabalho. Como querer aumentar a movimentação econômica e equilíbrio social da cidade se quem empreende no município vê recursos escassos sendo mal aplicados no âmbito do poder público local?
O município é bastante conhecido por suas escolinhas esportivas. Ainda assim, é possível ampliar o acesso ao esporte, principalmente às crianças e jovens? Como?
Juliano Arns: É possível sim, começando pela grade de educação física nas escolas fundamentais. As escolinhas precisam ser a referência, aquele sonho das crianças em representarem a cidade. Contudo, o esporte começa muito antes, na escola. E nossas quadras?
E os ginásios cobertos que tantas vezes foram prometidos? E materiais para professores ensinarem as várias modalidades esportivas que existem? Temos que manter e aprimorar aquilo que já está bom. Contudo, somente com essa infraestrutura que mencionei antes funcionando bem é que poderemos ampliar o acesso e as modalidades.
Quais medidas efetivas precisam ser tomadas, para que Forquilhinha pare de ser lembrada apenas como a cidade da Heimatfest e seja realmente inserida nos roteiros de turismo do Sul de Santa Catarina?
Juliano Arns: É necessário uma gestão comprometida com os projetos que estão sendo concebidos pelo DEL sobre este tema. Em relação à região, Forquilhinha precisa recuperar o tempo perdido para estar inserida nos roteiros de destinos turísticos. Nova Veneza é um ótimo exemplo para nós. A recente aprovação da lei que designa a cidade de Forquilhinha como a mais Alemã do sul de SC começa a balizar o direcionamento dos esforços nesta linha. Temos potenciais enormes, mas pensar que isso se resume às festas que temos anualmente é muito raso.
O turismo vai além, tem que estar nas veias de toda a comunidade, e nisso temos muito a trabalhar para fortalecer a identidade de Forquilhinha como uma cidade turística. Temos uma História cultural a zelar, com música, gastronomia, artesanato, riquezas naturais, produtos de qualidade, somos a Terra de Zilda e Dom Paulo Evaristo Arns. Não temos mais tempo a perder! Turismo é desenvolvimento econômico, sustentabilidade e equilíbrio social.
Considera a cultura um setor importante a ser fortalecido em Forquilhinha? De que forma?
Juliano Arns: Na mesma linha do tema anterior, até porque são faces da mesma moeda. Um povo que preserva e valoriza sua cultura, tem maior sensibilidade e criatividade para empreender condições de inclusão social, ao mesmo tempo em que saberá aproveitar as oportunidades de negócios que surgirão.
Tenho certeza de que em pouco tempo Forquilhinha estará plenamente inserida no contexto regional do turismo, tendo como carro chefe o fortalecimento de sua cultura em projetos como: resgate da gastronomia típica, formação de músicos locais para atuarem nos eventos da cidade, fortalecimento dos museus e do centro cultural, estímulo a artes germânicas como a pintura em Bauernmalerei, receitas coloniais de bolos, pães roscas, cucas.
E temos que pensar seriamente em como aproveitar a forquilha dos Rios São Bento e Mãe Luzia, que deu nome à cidade, para criar um memorial de preservação histórica e futuros projetos de sustentabilidade, já que estamos participando do concurso Green Destination.
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O sorteio definiu a seguinte ordem para as publicações:
- Carlos Nola (PSL): segunda-feira (24/08);
- Vanderlei Alexandre (PP): terça-feira (25/08);
- José Cláudio Gonçalves, o Neguinho (PSD): quarta-feira (26/08);
- Maciel Da Soler (PDT): quinta-feira (27/08);
- Juliano Arns (PODEMOS): sexta-feira (28/08);
- Félix Hobold (PT): sábado (29/08);
- Geovane de Godoi (PL): domingo (30/08).