A entrevista que o presidente do Criciúma, Jaime Dal Farra concedeu à Rádio Eldorado nesta semana foi de uma infelicidade tremenda, começando pelo fato de ter sido a um único veículo. Nada contra à emissora, muito menos aos profissionais que lá trabalham, mas mediante a situação quase irreversível no Campeonato Catarinense e a ainda não explicada polêmica envolvendo a ida de jogadores para Sorocaba para realizar tratamento médico obrigavam o mandatário do clube a realizar uma entrevista coletiva, esclarecendo as dúvidas de todos os torcedores. Porém, optou por privilegiar apenas um e por atacar os demais.
O que se ouviu nos mais de 20 minutos de entrevista foram poucas explicações, alguns tiros no escuro e muita vitimização. Dal Farra em momento algum esclareceu os motivos de ter mandado o volante João Afonso e o atacante Jheimy para Sorocaba. Justificou com experiências pessoais e atacou a imprensa por abordar o assunto e questiona-lo sobre essa ação. Chegou a fazer a irônica pergunta: “o Criciúma não é hospital?”, sugerindo que o assunto deve ser a bola no campo.
Primeiro: o departamento médico interfere diretamente no campo, então, qualquer descompasso no setor reflete no time. Não dá para ignorar isso! Segundo: Dal Farra afirmou que o clube tem médicos para atender aos atletas. Então por que mandou esses jogadores para São Paulo?
O que achei mais curioso na entrevista é que Dal Farra utilizou a palavra “transparente” para esse processo, que de transparente não teve nada. As rasas explicações também de pouco ajudaram. E para piorar a situação, o presidente optou por atacar a imprensa e chegou a argumentar que “as mentiras criadas pela imprensa fazem com que o torcedor não se associe” – o fato de o time quase ter caído para a terceira divisão no último ano não foi levado em consideração.
Não tenho muito de corporativismo, até porque também tenho minhas sérias restrições ao trabalho e a forma como o Criciúma é acompanhado e analisado pela imprensa local – e eu me incluo nisso, em uma autocrítica – mas atirar no escuro, sem citar nomes, esperando que o chapéu sirva, é tão baixo quanto um repórter criticar sem fundamento algum.
A síntese da entrevista é: Dal Farra não admitiu que errou e não esclareceu qual seu modelo de gestão, tendo em vista que algumas pessoas deixaram o clube recentemente por discordarem de algumas de suas ideias. Sobrou vitimização e tiros no escuro. E o torcedor segue sem saber o que o presidente está fazendo com o DM do clube.