Ótimo resultado, mas atuação decepcionante. Assim dá para definir a vitória do Criciúma para cima do Náutico, na rodada de abertura da Série B do Campeonato Brasileiro. O resultado representa uma imposição diante de um postulante ao acesso. São três pontos que lá na frente podem ser considerados fundamentais em uma briga direta pela classificação. Entretanto, a forma como a equipe carvoeira se apresentou não demonstrava ser de uma que ficou mais de 20 dias treinando.
Taticamente, a equipe ficou distribuída em um 4-2-3-1 muito estático. A transição, mais uma vez, foi a decepção. Os meio-campistas Dodi e Barreto tiveram atuação abaixo do ideal, especialmente o primeiro, que era peça fundamental na passagem da bola defesa-ataque no começo do ano. Com transição falha, o Criciúma abusou dos chutões, especialmente com o zagueiro Raphael Silva e com os dois laterais.
Em suma, o meio-campo pouco rendeu. Com os volantes participando pouco da partida, Élvis também teve atuação discreta, notada positivamente apenas na cobrança de falta rápida que resultou no gol de Gustavo. Por consequência, Roberto, pela direita, e Niltinho, o estreante pela esquerda, só apareceram em lances individuais.
Aliás, por falar em estreantes, o zagueiro Nathan deixou uma impressão muito boa. Frieza, vigor e precisão resumem a sua estreia. Aqueles que duvidavam de seu potencial por causa de um 2015 quase inativo, viram uma atuação que lembrou o ano de 2014, onde foi peça importante na fuga do rebaixamento palmeirense.
Fica também como ponto positivo a participação de Gustavo. Apareceu na hora certa e no lugar certo em duas oportunidades. Em uma delas, o gol valeu. Ok, nas duas ocasiões estava em posição irregular, mas em uma valeu o gol da vitória – mas é um lance que merecemos guardar na memória quando viermos com aquele papo de “CBF contra o Criciúma” ou “querem derrubar o Tigre”.
Em suma, vimos algo que já era observado no Campeonato Catarinense: equipes que se propõem a diminuir os espaços do Criciúma e obtém êxito nessa proposta, limitam quase que totalmente as ações ofensivas do Tigre, que fica sem ações. No Estadual, perdeu alguns pontos assim. No segundo tempo, criou mais chances por que? Exatamente porque a proposta do Náutico, de diminuir os espaços, mudou. Os pernambucanos precisaram ir ao ataque e cederam o campo que o tricolor necessitava para jogar.
Apesar da vitória, saí preocupado, reconheço. Não é corneta ou mania de querer encontrar defeito em tudo, mas sim um receio por ter visto um time que treinou mais de 20 dias e apresentou pouco futebol coletivo, vencendo num lapso de inteligência de Élvis ao cobrar uma falta com rapidez – com uma contribuição generosa do bandeirinha.