Com uma rodada de antecedência, o Joinville confirmou a conquista do returno do Campeonato Catarinense e, por consequência, a vaga na grande decisão do estadual. O Criciúma, entretanto, já está chupando dedo há algum tempo e se contenta apenas em realizar testes antes da estreia no Campeonato Brasileiro – Série B. Mas vale o questionamento: o desempenho carvoeiro foi dentro do esperado?
Existe relativo exagero na hora de avaliar a participação tricolor no campeonato, tendo em vista o cenário de transição político-administrativa em que se encontra nos últimos meses. E esse exagero vem desde a empolgação exacerbada com a campanha do primeiro turno, chegando à depressão irritadiça da segunda parte do torneio.
É fato: se voltarmos no tempo até antes da estreia na temporada, era difícil prever qual seria o futuro do Tigre por algumas razões, como o elenco jovem e curto e um técnico colocado a prova, com um trabalho previsto para ser em longo prazo. Mas é importante colocarmos no contexto a relação “oito ou oitenta” que o Criciúma vive com imprensa e torcida – muitas vezes os dois se misturam – provocando as mais afloradas opiniões dependendo do resultado de um jogo.
O desempenho foi satisfatório. A Chapecoense sempre foi a favorita e o Figueirense, que a meu ver era um dos postulantes ao título, decepcionou, abrindo margem para o Joinville. O time do Norte do Estado fez o que talvez o Criciúma poderia ter feito, que era aproveitar a brecha de um dos candidatos ao caneco e avançar. Ressalte-se: trabalho monstruoso de Hemerson Maria, que tem em mãos um elenco bastante limitado (pior que o do Criciúma), mas que conseguiu levar a decisão com muitos méritos.
Enfim, o campeonato seguiu o script que era desenhado no começo do ano, nada mais que isso. O Criciúma atingiu seu ápice no primeiro turno. Disse, nessa mesma coluna, que o Tigre já tinha ficado no lucro na parte inicial do torneio ao chegar na decisão. Era ilusão prever que o time ficasse em um limite elevado durante a competição inteira. Sempre foi notória a necessidade de contratações, mas que estas deveriam ser feitas com precisão, vide que o foco do ano é a Série B do Brasileirão.
O exagero nas avaliações está na cada vez mais clara a mistura de papeis entre imprensa e torcida, que cobram um nível elevado de um time que nunca foi um dos mais fortes do Estado na temporada. Era uma cobrança indevida, tradicional de quem olha mais com a paixão do que com a razão. O exagero sempre atrapalha e torna as convicções sobre o momento do time imprecisas e incapazes de olhar a realidade como ela é.