Gustavo desencantou. Depois de passar 2014 na seca e 2015 tendo feito apenas dois gols pelo Resende, no Rio de Janeiro, o jovem centroavante de 22 anos desandou a marcar nas últimas semanas e, até este momento, tem sete tentos na temporada – seis no Estadual e um na Copa do Brasil. O bom desempenho fez com que os mais empolgados começassem a chama-lo de “Gustagol”.
Pode parecer um apelido bobo, que faz parte do folclore do futebol, mas há um contexto por trás disso. Desde a saída de Zé Carlos no primeiro semestre de 2013, o Tigre está procurando um camisa 9 que atenda aos anseios do torcedor. De lá para cá, já passaram pelo clube atletas como Giancarlo, Marcel, Wellington Paulista, Rodrigo Silva, Souza, Neto Baiano e outros. Nenhum se firmou por muito tempo. Os empolgados que o chamam de “Gustagol” já encontraram, inclusive, dados semelhantes dele com os de Zé Carlos para coloca-lo em vantagem em comparação com os demais.
Há, nitidamente, uma carência na torcida e também na imprensa. Essa carência não é só de quem empurre a bola para dentro, mas de quem assuma a responsabilidade e o papel de ídolo. Bastou um bom momento que as lembranças do “Zé do Gol” surgiram. Mais do que uma carência, o apelido e a indireta comparação aplicam uma pressão desnecessária em um atleta que já foi muito cobrado por demorar a marcar gols.
Qual foi o jogador que atingiu grandes metas no Criciúma de 2013 para cá? Lins foi quem chegou mais perto, mas o carisma do atleta e as redes sociais ajudaram a construir essa imagem. Desde então, há esse vazio, mas não adianta querermos impor alguém do nada. Os gols de Gustavo foram muito mais importantes para a afirmação dele do que para o time. Não levaram o Tigre a lugar algum. Não foi demérito dele, mas foi a circunstância do campeonato que deixou o tricolor de férias nas últimas rodadas do Campeonato Catarinense.
A carência de um ídolo ou de um centroavante que faça gols todo jogo parece até mesmo um reflexo da sociedade brasileira, que procura um herói em todas as situações, seja no esporte ou até mesmo na conturbada política nacional. Existe uma falsa necessidade de que para tudo é preciso de um salvador da pátria, de alguém que tenha nascido virado para a lua e decida de todas as maneiras possíveis. O apelido “Gustagol” e as comparações estatísticas podem parecer coisas inocentes ou galhofa, pegando a vibe do bom momento dele. Porém, elas deixam na essência uma carência de que aquele jogador pode substituir um ídolo que já se foi.