Ampliar a cobertura vacinal contra a hepatite B para toda a população e estimular o diagnóstico precoce são os principais desafios no combate às hepatites virais em Santa Catarina. A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da Secretaria de Estado da Saúde reforça a importância da prevenção da hepatite, doença silenciosa e grave, que causa irritação e inflamação do fígado. Além disso, está relacionada a mais de 500 mortes ao ano em Santa Catarina por doenças como cirrose e câncer de fígado. No país, 3 mil mortes são associadas às hepatites todos os anos.
Em 2015, foram notificados 1.187 novos casos de hepatite B em Santa Catarina, onde a taxa de detecção é de 21,7%, enquanto o índice nacional é de 7,7%. Em relação à hepatite C, foram 919 novos casos no Estado, com taxa de detecção em 9,8%. A taxa de detecção de hepatite C no Brasil é de 5%.
Os principais sintomas das hepatites são febre, tontura, fadiga, dor abdominal, enjoo, fezes claras, urina escura, pele e olhos amarelados. “Na grande maioria dos casos, no entanto, os pacientes infectados não apresentam sintomas na fase aguda. Se não diagnosticada e tratada, ela se manifestará até décadas depois, quando a pessoa já estará com sinais de doenças avançadas”, alerta o médico infectologista Filipe de Barros Perini, da Gerência de DSTs/AIDS e Hepatites Virais da DIVE.
Por isso, as pessoas não devem aguardar os sintomas para fazerem o teste para as hepatites virais. “Recomendamos que todos realizem, uma vez na vida, o teste para as hepatites virais ou sempre após exposição a algum fator de risco”, enfatiza Filipe. Caso o resultado do exame de hepatite B seja negativo, a pessoa deve vacinar-se. Em caso positivo para hepatite B ou C, deve procurar uma unidade de saúde para iniciar o tratamento disponível na rede pública. O teste rápido, a vacina contra a hepatite B e o tratamento são oferecidos gratuitamente na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Precisamos divulgar todas as formas de prevenção das hepatites virais para evitar que as pessoas se contaminem e cheguem aos serviços de saúde já com um agravamento da doença”, ressalta Simone Bittencourt, chefe de divisão das Hepatites Virais da Dive. A hepatite B é uma doença considerada sexualmente transmissível. “Daí a importância de usar camisinha em todas as relações sexuais”, frisa Simone.
O vírus da hepatite B, assim como o da hepatite C, pode ter transmissão sanguínea através do compartilhamento de materiais perfurocortantes, como agulhas, alicates de unha, lâminas de barbear e escovas de dente. Em salões de beleza, estúdios de tatuagens e de piercings as pessoas devem confirmar a utilização da autoclave para esterilização dos instrumentos, conforme determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Vacinação
A vacinação contra a hepatite B é uma importante estratégia de prevenção. “E vale para a vida inteira”, reforça Luciana Amorim, chefe de Divisão de Imunização da Dive/SC. A vacina está incluída na Pentavalente, utilizada no esquema básico em menores de um ano de idade (aos dois, quatro e seis meses). E também é oferecida a pessoas de todas as idades, igualmente em três doses (tomar a segunda dose 30 dias após a primeira e a terceira dose após 180 dias).
“Pessoa sem registro é o mesmo que pessoa não vacinada. Quem não tiver carteira de vacinação e não lembrar se já foi vacinado contra a hepatite B, pode iniciar o esquema a qualquer tempo”, acrescenta Luciana.
Ampliar a cobertura vacinal contra a hepatite B é um dos desafios. Enquanto a meta nacional a ser alcançada é de 95%, em Santa Catarina a média é de 50,34%. “O maior problema está em algumas faixas etárias, especialmente a partir dos 20 anos. É na fase adulta que aumentam os riscos de exposição ao vírus”, diz Simone Bittencourt. A partir dessa idade, a cobertura vacinal vai reduzindo: 20 a 24 anos – 68,14%; 25 a 29 anos – 64,61%; 30 a 39 anos – 43,03%; 40 a 49 anos – 13,84%; 50 a 59 anos – 9,49%; 60 anos e mais – 8,69%.