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Andreza de Oliveira

Zé Diabo: o diabo que pintava santos

andreza de Oliveira

Nascido na bela cidade de Orleans, Santa Catarina em 1930,  José Fernandes tornou-se popular por seu talento artístico e também por sua alcunha um tanto quanto inusitada: ZÉ DIABO.  Ainda garoto trabalhou como pedreiro junto com seu pai na extração de pedras e começou a construir uma relação profunda com estas, já nesta época demonstrava talento para a escultura. Também trabalhou como pintor de casas durante 30 anos, mas insatisfeito com a rotina Zé diabo que possuia “alma de artista”, decidiu  entregar-se ao mundo das artes plásticas.

Auto didata passou a pintar telas e murais; pintava retratos, paisagens, autoretratos e principalmente cenas religiosas. Inúmeras igrejas da região possuem pinturas feitas pelo artista. Suas pinturas eram desenhadas com cores vivazes que ajudavam a compor um caráter intenso a suas obras.

Uma delas lhe rendeu o apelido “Zé Diabo”:  na  igreja de São Miguel Arcanjo em Grão Pará/ SC, o artista pintou uma disputa entre o bem e o mal, o demônio retratato pelo artista ficou tão assustador que causava medo nos fieis que frequentavam o local, contam ainda, que pediram a José Fernandes  para  repintar a obra e o mesmo negou-se a fazer e assim ganhou esse apelido, que foi adotado pelo próprio como nome artístico.

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Responsável por uma das esculturas mais grandiosas da região Sul do Brasil o “Paredão de Orleans”, é uma obra que teve início em 1980 e ocupa aproximadamente 200 metros de cumprimento, estes painéis que foram a realização de um desejo de infância do artista, retratam cenas bíblicas com um toque de originalidade  característico de Zé diabo, foi esculpido diretamente na pedra, um trabalho magnífico que embeleza a cidade. Os painéis nunca foram concluídos por falta de apoio financeiro. Além do paredão Zé diabo esculpiu em igrejas e é de sua autoria  o pórtico de entrada da cidade.

O trabalho de escultor lhe trouxe problemas musculares que o impediram de esculpir e José Fernandes passou a escrever causos, suas histórias eram um misto de regionalisno, fé, religiosidade e muita imaginação,  falava de acontecimentos do cotidiano da típica cidade do interior com empatia e domínio de conteúdo.

Foi um grande artista, um ícone da atualidade, seus talentos foram incontáveis, sua força de vontade maior ainda e grandiosa foi sua contribuição no movimento artístico de Santa Catarina.  Atreveu-se em sonhar alto e realizou alguns belos sonhos. O medo não lhe fez companhia e enfrentando as mais variadas interpéries foi a própria resistência da arte e  imortalizou-se na história cultural. Zé Diabo Faleceu em 2017, aos 87 anos e deixa-nos obras valiosas, ele lutava pela valorização da arte, pela valorização do artista e trabalhava com amor, tornando a arte acessível para todas as pessoas.

Fica o convite para visitação ao paredão e ao pórtico  que tornaram-se pontos turísticos do município, ambos localizados em Orleans.

1

“A alcunha Zé Diabo”, 1990, óleo sobre tela, Zé diabo. Disponível, aqui. Acesso: 20/06/2018.

2

” O templo do Rei Salomão”, escultura no paredão de pedras, Zé Diabo. Disponível, aqui. Acesso: 18/07/2018.

3 1

Zé diabo esculpindo o paredão. Disponível, aqui. Acesso:18/07/2018.

4

José Fernandes, conhecido Zé diabo. Disponível, aqui. Acesso: 14/07/2018.

Referências

CAMPOS, Renata Bussolo. Zé diabo: um artista de múltiplas linguagens. 2006. 137 f. monografia (pós-graduação em Ensino da Arte), Unesc. Criciúma, 2006. Disponível aqui.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 6ª ed. Rio de Janeiro: Vozes. 1987.

MATOS. Tamires Serafim de. José Fernandes: o diabo que cria para o povo e a arte no dia a dia. Revista Santa Catarina em História. Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 56-65, 2016.


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