Preservação integrada de todos os setores do meio ambiente é a chave para a conquista da sustentabilidade no futuro.
O Dia da Árvore, celebrado neste sábado, 21, chega com a missão de fazer a sociedade refletir, mais uma vez, quanto às ações que vem sendo realizadas para garantir a sustentabilidade de todas as espécies para o futuro. Neste cenário, torna-se importante voltar a destacar que a preservação de um setor do meio ambiente está diretamente ligada à preservação de todos os demais setores, já que os trabalhos precisam estar integrados para resultarem em efeitos realmente positivos e gerarem a verdadeira mudança que o planeta necessita.
De acordo com a estimativa do Serviço Florestal Brasileiro, o país possui 58% do seu território coberto por florestas naturais e plantadas, sendo a segunda maior área de florestas do mundo, atrás apenas da Rússia. Além disso, o Inventário Florestal Nacional aponta que Santa Catarina, localizada totalmente na Mata Atlântica, detém o maior percentual de remanescente do bioma, com três milhões de hectares de florestas, o equivalente a 32% do território do estado.
Diante da existência de tamanho bem para toda a sociedade, o Comitê da Bacia do Rio Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba reforça que as pessoas precisam agir de forma correta para manter e, sempre que possível, aumentar essa disponibilidade florestal, uma vez que, entre tantos outros benefícios, a manutenção das árvores também garante a disponibilidade de água e a consequente segurança hídrica de determinada região.
“A vegetação contribui para a manutenção da qualidade das águas, filtrando diversos sedimentos e outros poluentes, evitando o assoreamento dos rios, ajudando a manter a temperatura e a concentração do oxigênio dissolvido, reduzindo a sensação térmica, diminuindo a poluição sonora, servindo de barreira contra os ventos, sendo habitat para a a flora e a fauna, fazendo a captação do gás carbônico e liberando oxigênio”, exemplifica o vice-presidente do Comitê Araranguá, Sérgio Marini.
Um outro benefício proporcionado pelas árvores, conforme a assessora técnica do Comitê Araranguá, engenheira ambiental Michele Pereira da Silva, é que suas raízes facilitam o processo de infiltração de água no solo, e dependendo do tipo, diminuem o escoamento superficial da água, fazendo com que ela tenha menos velocidade e, consequentemente, diminuindo a possibilidade de erosão e outros problemas relacionados.
“E alguns tipos de vegetação também trabalham o processo de fitorremediação, em que a planta vai, aos poucos, removendo contaminantes orgânicos da água em que está inserida. Por isso a importância de se existirem as matas ciliares, que protegem imensamente os rios”, completa Michele.
Com isso, as árvores devem estar presentes nos arredores de nascentes, matas ciliares e nas áreas de preservação permanente, uma vez que atuam diretamente na proteção da biodiversidade. “Enfim, elas têm a mesma importância da nossa existência, porque, com toda certeza, se não tivéssemos árvores, não teríamos água ou até mesmo a vida. Por isso, acredito que a recuperação e o adensamento dessas áreas devem ser estimulados, com o plantio de novas mudas de árvores”, acrescenta o presidente do Comitê Araranguá, Luiz Leme.
Por conta de tal importância, se fortalece também o apelo por menos desmatamento, uma vez que a ação é a causa de aproximadamente 20% das emissões de gases do efeito estufa no mundo, segundo relatório divulgado em 2018 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura (FAO).
O mesmo estudo também determinou que, de 1990 e 2015, a área da Terra coberta por florestas caiu de 31,6% para 30,6%; e que o desmatamento é a segunda maior causa das mudanças climáticas, ficando atrás apenas da queima de combustíveis fósseis. Tamanha preocupação com a situação fez a Assembleia Geral da ONU estabelecer, no início deste ano, a Década das Nações Unidas para a Restauração dos Ecossistemas, a ser trabalhada de 2021 a 2030, com objetivo de ser mais um impulso aos esforços para o plantio de árvores.
Há dez anos recuperando matas
Como contribuição, principalmente para a recomposição das matas ciliares, o projeto Ingabiroba existe há dez anos na região. Nascida em 2009 nos municípios de Nova Veneza e Forquilhinha, a ação é uma parceria do Comitê Araranguá, Associação de Drenagem e Irrigação Santo Isidoro (ADISI), Epagri e fundações de educação e meio ambiente.
Desde seu início, o projeto já realizou ao menos 40 oficinais de plantio em seis municípios do Sul catarinense e plantou mais de 17 mil mudas de árvores em aproximadamente 130 mil metros quadrados, o equivalente a 13 hectares de áreas reflorestadas.
“São resultados que nos trazem bastante alegria, principalmente porque a demanda tem aumentado cada vez mais. Hoje, os produtores rurais e interessados em fazer parte já efetuam o plantio por conta própria, o que significa que temos conseguido incutir a conscientização em suas mentes. Nos próximos anos, nosso objetivo é estender o projeto para todos os outros municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá”, finaliza o vice-presidente do Comitê.
Em celebração ao Dia da Árvore, estão sendo distribuídas 1,5 mil mudas para moradores dos entornos do Rio Araranguá, além de instituições de ensino e produtores de arroz de diversos municípios em toda a região.