Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394
Psicoterapeuta Corporal e Tanatóloga
Quase dezembro, quase natal. O ano novo está ali abrindo o portão da nossa casa, os papeizinhos de amigos secretos batendo na nossa porta. Uma época que de acordo com a cultura ocidental, exige vibração, alegrias, reflexões, solidariedade e gentileza. Interessante pensar que a mesma cultura que construiu o fim de ano como um período de descanso e prazer, também construiu uma cultura de exigência e cansaço para todos os outros meses do ano. Nós não somos um interruptor que cuja função é desligar o botão do cansaço para ligar o botão do prazer, nós inevitavelmente levamos para o aniversário, a páscoa, o amigo secreto, o natal, as férias, a nossa bagagem emocional. Bagagem essa que foi acumulada durante um período de 365 dias.
Mas não conseguir desligar ou ligar, não significa que não podemos desacelerar. Não conseguimos apagar a bagagem emocional que levamos conosco, mas conseguimos pausar, tomar um fôlego, para carregar e acolher as nossas próprias construções e condições emocionais.
Desacelerar não é importante somente para as festas de fim de ano ou para as tão esperadas férias, mas, desacelerar é importante para sair do piloto automático de todos os dias, para assumirmos o controle sobre a velocidade que queremos e conseguimos viver, e assim construirmos uma vida com mais sentido e consequentemente com menos pressa e peso.
Me diz uma coisa, você lembra qual foi a última vez que você fez uma refeição com calma, sem mexer no celular, com a tv desligada, sentindo exclusivamente o sabor e o cheiro da sua comida? Lembra qual a última vez que você tomou um banho demorado e relaxante, ou quando curtiu a sua própria companhia sem pensar nos compromissos pendentes?
Pois é, às vezes a falta de sentido na vida aparece e a gente não entende o porquê: “eu tenho tudo” – dizemos, como se a rotina agitada, o estresse diário, uma vida para ganhar e pagar fosse suficiente para acolher um ser que não nasceu somente para executar tarefas, mas também para amar, ser amado, contemplar uma paisagem, apreciar um alimento, brincar e gargalhar.
Nós precisamos aprender que quem estabelece o próprio ritmo para viver somos nós e que se não tomarmos as rédeas em torno da velocidade, o natal e o ano novo serão apenas mais duas datas para acumular cansaço, estresse e mal estar.
Então, experimente separar um tempo para si na sua agenda, aprenda a não precisar fazer nada, se autorize a comer devagar, sentir o sabor da sua comida preferida, tomar um banho para relaxar e não somente para cultivar hábitos de higiene, se deixe brincar, cantar, abraçar, beijar. Se demore nas experiências que te tocam, mesmo que seja pra terminar de ouvir uma música antes de trabalhar.
Fim de ano realmente pode ser cansativo mas não precisamos intensificar este cansaço ainda mais, se soubermos fazer “pausas do bem” ao longo dos dias, conseguiremos iniciar um novo ano com menos automatismo e naturalmente com mais controle sobre o nosso próprio ritmo.