Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394
Psicoterapeuta corporal e tanatóloga
No mundo ideal da criança ela teria a mamãe sempre por perto: em casa, na escola, com os amiguinhos. No mundo ideal do adulto ele jamais ouviria críticas, se expressaria como quisesse e receberia aplausos e veria cabecinhas concordando com cada palavra dita. Mas, tanto a criança quanto o adulto embora as vezes não saibam, precisam passar pelas frustrações da falta para aprenderem a viver sem muletas, para enfim crescerem para além dos confortos oportunizados pela vida.
Não é gostoso ficar sem a mamãe nos primeiros dias de aula, também não é nada prazeroso ouvir críticas, principalmente aquelas que estão cercadas de preconceitos e julgamentos. Este texto não tem o objetivo de estimular a ausência materna nem tampouco a propagação das críticas negativas, ele só pretende estimular a capacidade de lidarmos com aquilo que dói, mas que quando enfrentado, se torna uma escada para o autodesenvolvimento emocional.
Quantas vezes nós já calamos as nossas vontades e os nossos pensamentos por medo de ouvirmos uma crítica? Para alguns ela é tão dolorida que promove ansiedade e um medo profundo, capaz de bloquear a própria capacidade de se expressar. Há quem passe uma vida inteira evitando lidar com as críticas tamanha a insegurança que os habita, são pessoas que acumulam as próprias verdades em prol de ouvirem um “eu também”.
Porque é assim: quanto mais evitamos os nossos medos, maiores eles se tornam e mais inseguros ficamos.
Só que também há muita fantasia inconsciente permeando os nossos medos. Eu lembro de uma vez que perguntei à uma paciente o que aconteceria se ela mostrasse para a mãe os seus verdadeiros desejos, ela parou, refletiu e começou a rir, enxergou que qualquer coisa que a mãe dissesse não passaria de falas, e que as falas da mãe há muito tempo não mais a definiam.
Discordar de alguém não nos faz uma pessoa “melhor” que este alguém, só nos faz diferente em determinado ponto, sobre uma específica questão ou perspectiva. E está tudo bem porque de todo modo nem sempre precisaremos viver sobre as mesmas perspectivas que as pessoas com quem convivemos, é por isso que somos ou, deveríamos ser independentes, certo?
Então se você sente dificuldade de afirmar o que pensa e o que sente, talvez esteja na hora de refletir sobre os medos que estão causando este bloqueio. Esperar para se posicionar somente em ambientes e relações que nos acolhem pode nos custar muita frustração além de impedir a construção da nossa história particular. Procure ajuda psicológica, faça terapia.