O livro A Cor do Leite, de Nell Leyshon, é uma leitura rápida, mas muito intensa. A história é contada em primeira pessoa e se passa em 1830 e 1831, quando a personagem Mary está escrevendo sua própria história. Ela é uma garota de 15 anos, filha mais nova de quatro irmãs, e todas trabalham na fazenda do pai. Elas não sabem ler e escrever, não se divertem, não fazem nada além de trabalhar.
O pai de Mary é um homem severo que só pensa em dinheiro e por isso aceita a proposta do pastor de empregar uma das filhas. A escolhida é Mary, que tem um problema na perna e para o pai era a que menos servia para o trabalho duro da fazenda. Ela vai para o presbitério, não tem escolha, e lá além dos afazeres domésticos cuida da esposa doente do pastor. Aquele mundo é totalmente diferente e desconhecido para Mary e ela não consegue se adaptar, mas vai trabalhando e vendo cada dia passar.
A garota não tem medo de dizer o que pensa, mas não pode decidir ir embora. Então ela aproveita a oportunidade e começa a aprender a ler, mergulha em um mundo de letras e leitura, ela não sabe para que, mas depois esse aprendizado é uma forma encontrada por Mary para se libertar. Tudo é muito rápido, as coisas vão acontecendo sem ter como voltar atrás e as consequências também chegam, por isso Mary tem pressa de terminar sua história.
A Cor do Leite desperta a curiosidade, a leitura flui e a narrativa é escrita de forma que a personagem não demonstra muita emoção e isso é um dos diferenciais da história. Tudo já passou e Mary tem que deixar tudo escrito.