Santa Catarina passou a integrar uma agenda interfederativa com o governo federal e municípios estratégicos, priorizando ações de prevenção e maior acesso ao diagnóstico da Aids. O anúncio foi feito nesta semana. O secretário de Estado da Saúde, João paulo Kleinübing, ressaltou que o plano de enfrentamento à doença está sendo traçado para aumentar a taxa de detecção dos casos a partir das ações de vigilância e realização de testes. O Dia Mundial da Luta contra a Aids, lembrado no dia 1º de dezembro, será um marco para essas ações.
“O pilar desse trabalho é a informação, a prevenção e, a partir da consciência com relação à testagem, o início imediato do tratamento, a fim de reduzir a carga viral e a possibilidade de transmissão. Estamos focando em alguns grupos prioritários, especialmente gestantes, pois queremos erradicar a transmissão de mãe para filho. Essa é a grande meta de Santa Catarina”, declarou o secretário João Paulo Kleinübing.
O Estado ocupa o terceiro lugar no ranking nacional em mortalidade em função da doença, estando entre os estados com aumento significativo de infecções por HIV. Santa Catarina foi o terceiro estado a assinar o pacto com o governo federal, depois do Rio Grande do Sul e do Amazonas, que ocupam o primeiro e segundo lugar no ranking, respectivamente.
De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde, Fábio Gaudenzi de Faria, os objetivos da campanha são romper a barreira do desconhecimento e evitar que as pessoas fiquem doentes. Para isso, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) intensificou a distribuição de preservativos e de testes rápidos a todas as unidades de saúde do Estado.
Técnicos da Gerência de Vigilância das DST/Aids e Hepatites Virais capacitaram as equipes das Unidades Básicas de Saúde, maternidades e hospitais catarinenses para o diagnóstico precoce e a respeito do tratamento da doença. “Queremos possibilitar aos pacientes infectados que convivam melhor com HIV e tenham mais qualidade de vida”, observou o infectologista.
A população mais afetada pela doença está na faixa etária de 25 a 44 anos. Pensando nesse público, a Dive/SC lançou um site –www.aids.sc.gov.br – com informações sobre a doença, sinais e sintomas, formas de prevenção e tratamento, além do endereço dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) existentes em Santa Catarina.
“A internet é a linguagem com a qual os jovens mais se identificam. Aliamos informação e qualificação dos serviços para intensificar as ações do Estado contra a Aids”, explicou o diretor de Vigilância Epidemiológica, Eduardo Macário.
Uma ação nos estádios de futebol dos times catarinenses no Campeonato Brasileiro também está prevista. No dia 6 de dezembro, por exemplo, os jogadores do Figueirense entrarão em campo contra o Fluminense, no Estádio Orlando Scarpelli, pela última rodada do Brasileirão, vestindo a camiseta do movimento estadual contra a Aids.
Dados estatísticos
De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV-Aids 2014 (ano base 2013), o Brasil registrou 39.501 novos casos da doença. Desses, 2.055 foram detectados em Santa Catarina. Naquele ano, a taxa de detecção do país foi de 20,4 novos casos para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto Santa Catarina apresentou 32,2 casos por 100 mil pessoas.
Em relação ao número de óbitos, foram registradas 12.431 mortes no Brasil. Em Santa Catarina foram 575. O coeficiente de mortalidade do Brasil, em 2013, foi de 5,7. Em Santa Catarina, 7,5.
De janeiro a outubro de 2015, 2.063 adultos foram diagnosticados com HIV/Aids no Estado. Em 2014, foram 2.696 novos casos, um aumento de 15% em relação ao registrado no ano anterior (em 2013, o total foi de 2.346).
O aumento tem sido registrado principalmente nas populações mais vulneráveis, que são jovens gays, homens que fazem sexo com homem, usuários de drogas, profissionais do sexo, transexuais, travestis e a população privada de liberdade. O número de gestantes infectadas em Santa Catarina aumentou 13,3% de 2013 para 2014, passando de 486 para 551.
Números em SC
Em 2012, Santa Catarina ocupava o segundo lugar no ranking nacional, com taxa de detecção da Aids de 33,5/100.000 habitantes – sendo 39,7% maior que a taxa do país. Doze municípios catarinenses com mais de 100 mil habitantes apresentam taxas de detecção superiores à média nacional, calculadas com os registros dos últimos três anos (20,7/100.000 habitantes). São eles: Balneário Camboriú (77,4), Itajaí (76,3), Florianópolis (65,2), Criciúma (59,9), São José (56,2), Palhoça (53,5), Brusque (46,1), Joinville (41,2), Blumenau (35,9), Lages (30,2), Jaraguá do Sul (28,0) e Chapecó (25,2).
A taxa de mortalidade por Aids no Estado, naquele ano, foi de 6,4 óbitos para cada 100 mil habitantes, 15,6% maior do que a do país, que foi de 5,5 óbitos para cada 100 mil habitantes. Em 2014, 673 pessoas morreram em decorrência da doença no Estado, um crescimento de 17% em relação a 2013. Entre janeiro e outubro de 2015, foram registrados 391 óbitos.