Uma parte do fêmur (cabeça) “escorrega” até a bacia causando um desvio na cartilagem de crescimento que, por ser uma estrutura delicada, não suporta o peso corporal e leva à deformidade no quadril. Assim pode ser descrita a epifisiolistese – doença que atinge adolescentes, principalmente na faixa dos 10 aos 14 anos. O problema pode ser muito limitante e, por isso, casos de dor no quadril e joelho devem ser investigados para que o tratamento possa iniciar o mais precoce possível.
O médico ortopedista e traumatologista Joaquim Reichmann destaca que a causa da doença não é totalmente esclarecida, porém o problema pode ser atribuído a um desequilíbrio endócrino, microtraumas ou obesidade. “Crianças acima do peso ou magras e altas podem ter a cartilagem entre o colo e a cabeça femoral enfraquecida e, ao submeter-se ao estresse mecânico, podem sofrer o escorregamento de forma lenta ou aguda”.
Entre os sintomas estão a dor prolongada no quadril que pode durar de seis meses a anos. A doença ocorre no período de crescimento acelerado e, no início, a dor frequentemente se irradia para o joelho.
A epifisiolistese pode ser classificada da seguinte forma: instável quando a pessoa não consegue apoiar a perna acometida (mesmo com o uso de muletas) ou estável quando consegue apoiar a perna.
Reichmann alerta os pais que ao ouvir queixas dos filhos relacionadas à dor no quadril ou no joelho deve-se suspeitar de epifisiolistese. Muitas vezes, tanto o diagnóstico quanto o tratamento são atrasados porque essa possibilidade não foi considerada, o que aumenta o risco de complicações. A investigação inicial é clínica com a avaliação dos sintomas, exame físico, seguida por exames de imagem. O principal exame usado no diagnóstico é a radiografia. Somente em casos muito específicos solicita-se tomografia ou ressonância magnética como exame complementar.
O principal objetivo do tratamento é evitar a evolução do problema e a piora da deformidade. Em casos com deformidade grave pode haver a indicação de corrigir o formato do quadril por meio de cortes cirúrgicos (osteotomias).
As principais complicações são a necrose e a condrólise. Ambas podem ocorrer nos escorregamentos graves e agudos e podem levar à degeneração do quadril, provocando dor com o passar do tempo. “Por isso, ao aparecer qualquer sintoma é essencial procurar um médico para verificar as causas e iniciar o tratamento o quanto antes”, finaliza Reichmann.