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A conexão entre o esporte e o desenvolvimento de soft skills

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Definitivamente, o mundo não é mais o mesmo. Vivemos um tempo de profundas transformações estruturais; as antigas já não nos servem. Vivemos tempos em que as avaliações são cada vez mais profundas e subjetivas, como se uma resenha sapphire bet se estabelecesse na análise comportamental de um indivíduo. E é justamente isso o que são os soft skills, características comportamentais e competências subjetivas das pessoas, aferidas através de uma análise profunda das relações interpessoais.

Ainda recentemente, tivemos dois ótimos exemplos de como tais características e competências podem, de algum modo, afetar o desempenho de atletas de alto nível técnico. Estamos falando do posicionamento de duas atletas da ginástica olímpica, Simone Biles e Rebeca Andrade, nas Olimpíadas de Tóquio (2021), a partir dos conceitos da inteligência emocional. 

Como sabido, a estadunidense multicampeã decidiu abandonar a competição para preservar a sua saúde mental. Uma decisão compreensível e corajosa, considerando-se que milhares, quiçá milhões de pessoas depositaram expectativas em relação ao desempenho da atleta, Biles sentiu-se como que emparedada por esta expectativa e os questionamentos internos foram avassaladores: e se eu não ganhar? Havia na decisão da atleta o reconhecimento de seus próprios limites emocionais.

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Por outro lado, a brasileira, ainda que sentindo a pressão da torcida que ansiava pela primeira medalha da categoria, se apresentou tranquila, demonstrando autocontrole e com movimentos bem calculados, terminando por conquistar o segundo lugar da competição. Esse resultado foi possível porque a atleta ficou para além da execução técnica, quer dizer, houve uma preocupação com a parte psicológica, o que proporcionou equilíbrio e superação. Em outras palavras, um trabalho de inteligência emocional realizado juntamente à equipe. 

Outro caso que demonstra o quanto abalos emocionais interferem em nossas rotinas é de Naomi Osaka, tenista número 2 do mundo, que anunciou sua desistência do clássico torneio de Roland Garros, em 2021; a atleta admitiu sofrer depressão desde o título do Aberto dos EUA de 2018. Ainda mais recentemente, o surfista Gabriel Medina desistiu da participação da etapa de Pipeline, a primeira do calendário da Liga Mundial de Surfe de 2022. Medina optou por cuidar da saúde mental, particularmente abalada a partir de diversas polêmicas envolvendo sua vida pessoal.

Há algum tempo soaria clichê comparar a performance de atletas de alto rendimento com o dia a dia no mundo dos negócios, mas a contemporaneidade nos alerta das semelhanças entre as duas atividades, afinal, ambas buscam melhorar o desempenho e disciplina constantemente. O esporte, convenhamos, nos ensina muito sobre resiliência, rotina rígida, preparo físico, treinamento diário e alta performance. O que pouco se observa é a importância das soft skills, vez que o preparo psicológico é essencial para lidar com as adversidades, a rotina estafante e as perdas.

Exemplo de uma soft skills bem desenvolvida, a ex-jogadora (eterna) da seleção brasileira de futebol, Formiga, hoje comentarista, conseguiu desenvolver ao longo de sua jornada uma série de aspectos/características para além dos conceitos executados dentro de campo. Componentes emocionais como liderança, trabalho em equipe e resiliência geraram um bom relacionamento e proximidade com a comissão técnica. Não à toa, Formiga tornou-se referência no futebol feminino em nível mundial. Formiga, graças à sua aguerrida disposição emocional, é a recordista de participações em Copas do Mundo, competindo sete vezes no total.

Por outro lado, que tal falarmos do tênis ou da natação? Modalidades que exigem muito do preparo físico e emocional, mas que, ao contrário da maioria dos esportes, são competições solitárias. Sem time, muitas vezes não é possível se apoiar em um parceiro, por exemplo. Mas isso se dá nas quadras e nas piscinas, nos bastidores, mesmo que essa seja uma modalidade individual, existem equipes formadas pelos mais diversos profissionais, para além dos treinadores, fisioterapeutas, nutricionistas, médicos e psicólogos. Em suma, ninguém está sozinho. Há, de fato, um paralelo com o mundo dos negócios, uma ideia inovadora vai sempre necessitar de pessoas que a desenvolvam e a coloquem em prática; uma ideia sem a sua concretização é como uma luz apagada, e o acionamento do interruptor se dá coletivamente.

O mundo tornou-se extremamente competitivo e vencer parece obrigação. Não é. Perder é a coisa mais natural do mundo, afinal, há uma pessoa do outro lado com a mesma disposição e com os mesmos motivos para buscar a vitória. A obrigação em vencer transformou-se num fardo pesadíssimo. É preciso compreender e aceitar que perder é completamente normal, é assim na vida, no dia a dia, nas corporações. É preciso que aceitemos a naturalidade da nossa falibilidade, é preciso ter resiliência para sempre continuar, independente das vitórias e derrotas. A superação dos próprios limites é o que mantém as pessoas dispostas a continuarem. Todos os dias.


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