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Com música e descontração, Proerd ensinou mais de 1,2 milhão de crianças a dizerem não às drogas e à violência

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O assunto é sério, mas o aprendizado sobre ele é divertido. Com músicas, cartilhas, brincadeiras, lições e o mascote leão Daren, crianças catarinenses aprendem a dizer não às drogas e à qualquer tipo de violência. Isso é feito há 18 anos em Santa Catarina com o Programa de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que já alcançou mais de 1,2 milhão de crianças e adolescentes da rede pública e particular de ensino no estado. A ação é trabalhada nas escolas por policiais militares capacitados.

“Ao se tratar de prevenção, não temos como medir o resultado final. O mais importante é despertar nesses jovens a problemática das drogas e da violência. Os pais também têm um papel fundamental, porque esse trabalho é inicial. Se os pais e a escola não estiverem juntos nesse processo de desenvolvimento, pouco efeito o programa trará. Os alunos levam para casa lições que devem ser feitas com os pais e discutem o que aprenderam em sala de aula”, disse o major PM Reginaldo Rocha de Souza, responsável pelo Proerd em SC.

Neste trabalho, que atinge cerca de 80 mil alunos por ano, estão envolvidos 277 instrutores. Todos são policiais militares fardados que, acompanhados pelos professores das turmas, passam as lições aos estudantes. As aulas interativas também contam com palestras, danças e cartilhas. Os policiais mostram o cenário real da inserção das drogas na vida do cidadão e da sociedade. “Trabalhar com as crianças é gratificante. Reforçamos a importância de pensar antes de agir e as consequências das drogas e da violência. É um grande programa”, contou o cabo PM e instrutor Saulo Ricardo Lisboa.

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Abragência

Hoje, cerca de 90% dos alunos matriculados no 5º ano são atendidos. A primeira cidade a receber o Proerd em SC foi Lages, em 1998. Conforme o major Reginaldo Rocha de Souza, o programa atua em 255 municípios catarinenses. “Quando começamos com o programa no Estado, íamos até as escolas e, hoje, as escolas procuram a PM e mostram o interesse na implementação do Proerd. Infelizmente, ainda não temos como atender a todas as unidades”, explicou.

O curso ocorre durante dez encontros. Após três ou quatro meses, as crianças recebem o certificado do Proerd, ocasião que mantém o compromisso de ficarem afastados das drogas.

Mas a atividade não é uma tarefa fácil. Preparar as crianças e adolescentes para a realidade além dos muros da escola é o desafio diário dos policiais instrutores. “Uma das maiores dificuldades que percebemos, independentemente da rede de ensino, é a carência afetiva. As crianças veem o policial como uma referência que muitas vezes não têm em casa. Quando falamos em determinados assuntos, vemos o distanciamento da família com a criança. O diálogo é fundamental para a melhora da qualidade de vida de nossas crianças”, informou Reginaldo.

Outro ponto abordado pelo major é que muitas vezes a criança tem dúvidas que não são sanadas em casa. Um terceiro ponto é a cultura de ainda dizer, quando a criança faz algo de errado, que a polícia vai pegar. Muitas vezes, isso causa certo receio e até medo do policial. “O Proerd também tenta mudar essa imagem. O policial é um amigo e está ali para ajudar”, relatou Reginaldo.

O Proerd possibilita à escola complementar seu projeto pedagógico, segundo o que prescreve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) em seu artigo 2º: “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Em Florianópolis, na Escola de Educação Básica Leonor de Barros, os alunos têm aulas todas as quintas-feira. A professora Alcelene Lima Pereira diz que é notável a diferença no comportamento das crianças do início ao fim do programa. “Eles mudam o comportamento. Com o Proerd, eles medem as consequências dos atos, refletem sobre o que vão fazer. E eles adoram as aulas. Meu filho, hoje com 25 anos, também fez Proerd. Não usa drogas e não bebe e não fuma. Acredito que isso seja também um reflexo dos ensinamentos”, comentou a professora.

Importância para as crianças

Para os alunos, a iniciativa é válida. “O Proerd representa segurança. Mostra que é necessário se manter longe das drogas e violência. Nos sentimos mais protegidos com as orientações repassadas”, afirmou o aluno da Escola de Educação Básica Leonor de Barros, Anderson Vieira da Silva. Outro colega de Anderson também apoia a ideia. “O Proerd ensina que não devemos usar drogas, porque faz muito mal para saúde e traz consequências irreversíveis. O programa vai ensinando cada vez mais as crianças e, assim, vamos criar uma população mais saudável e segura”, destacou Erik Minikel.

E os resultados podem mesmo ser para a vida toda. O futuro polícia militar Gabriel Moraski relata que fez Proerd na escola e que o programa foi muito importante para fortalecer ainda mais seus princípios. “Foi uma experiência relevante. Assim como meus pais, o programa, sempre orientou a fazer o certo, a seguir o bom caminho. Foi uma forma descontraída de interagir com os policiais. Daqui há uns meses, estarei me formando como policial. Estou aqui para cumprir uma missão, gosto de ajudar as pessoas. E sempre vou lutar pelo o que é certo”, garantiu o jovem.

Referência

A capacidade de transformar profissionais de segurança pública em instrutores altamente capacitados fez com que Santa Catarina se tornasse referência em formação de policiais militares em todo o país.

Os resultados dos dois primeiros anos foram tão significativos que fizeram com que a PMSC se transformasse em Centro de Treinamento do Dare (Drug Abuse Resistence Education) fora dos Estados Unidos. Santa Catarina tornou-se, no ano de 2000, o quarto centro de formação de instrutores Proerd do Brasil, juntando-se às polícias militares do Estado do Rio de Janeiro (onde tudo começou), São Paulo e Distrito Federal. Nos anos seguintes, Santa Catarina assumiu a frente dos trabalhos no país inteiro e virou referência internacional em formação pelo Dare Internacional (ONG que administra o programa em nível mundial).

Sob a coordenação de Santa Catarina, foram formados policiais para atuarem no Proerd em mais de 24 estados da federação.

A marca Proerd

O Dare America, organização não-governamental com sede nos Estados Unidos é proprietária da marca Proerd. O primeiro registro foi feito em 1993 (um ano após o início do programa no Brasil), sendo a última prorrogação de registro da marca deferida em dezembro de 2015 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A lei brasileira protege esse direito, definindo responsabilidade cível e penal para aqueles que fizerem uso da marca sem autorização do titular.

Francine Ferreira – Elisabety Borghelotti


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