Em três décadas, mais de 10,8 mil alunos passaram pela escola.
O Colégio Unesc tem a presença da Universidade desde o seu embrião. Na época de sua criação, o projeto contou com a equipe técnica e pedagógica da Fucri, orientada pelos professores Valmor Costa Dutra, Odete Joaninha Sachetti Ghislandi, Adamir Nuernberg e Maria de Lourdes Zaccaron, que tiveram o apoio do então diretor-presidente da Fundação, Laênio José Ghisi.
Depois de tudo pronto, era chegada a hora de iniciar as aulas. Estudantes acomodados nas cadeiras, material nas carteiras, professores à frente. No dia 5 de março de 1992, com aula inaugural proferida pelo professor Anderson Flores, secretário de Educação de Florianópolis da época, iniciava o primeiro ano letivo da mais nova instituição educacional de Criciúma: o Colégio de Aplicação (CAP).
Desde a inauguração, 10.889 alunos já foram matriculados e passaram pelos corredores, salas, cantina, ginásio e todos os outros espaços da escola. Em 2022, são 511 estudantes distribuídos entre o 1º ano do Ensino Fundamental e a 3ª série do Ensino Médio.
Um crescimento significativo registrado nos últimos anos. Isso mesmo: durante a pandemia. Na educação, os desafios nunca cessam, afirma a diretora Giselle, que assumiu a gestão do Colégio no início de 2020, meses antes da Covid-19 acertar em cheio a vida de todo o mundo e frustrar muitos dos planos que constavam na planilha. “Recebi o convite em 2019 com a missão de reposicionar a escola, dar uma nova cara. Cheguei com a proposta de colocar em prática um planejamento estratégico organizado pela gestão e com algumas metas com relação à proposta pedagógica, na infraestrutura, na formação dos nossos professores e no consequente crescimento. Trabalhando com estes pilares, eu assumi em janeiro de 2020”, relembra.
Com obras em andamento e todo o planejamento pensado nos detalhes foi iniciado o ano cheio de expectativas. “Depois de 30 dias da minha chegada vem a pandemia e tudo que tínhamos planejado virou de cabeça para baixo, mas com o apoio de tudo que temos na Unesc, conseguimos nos reorganizar. Talvez uma escola, se estivesse sozinha, sem este apoio, não teria sobrevivido. Com os investimentos que foram feitos em tecnologia e na capacitação dos nossos professores, conseguimos, em uma semana, virar toda a escola para o online, utilizando tudo que estava à disposição para que as aulas pudessem continuar”, recorda.
O ano seguiu com alunos e professores em casa e aulas mediadas por tecnologia. “Por mais que eu já tivesse uma experiência na gestão, foi algo inimaginável, mas com uma equipe maravilhosa foi possível superar cada dia, cada obstáculo, cada novidade que ia chegando, sempre com o apoio da gestão”, relata Giselle.
E o saldo de 2020 foi positivo: todas as crianças dos primeiros anos alfabetizadas e, no terceirão, a primeira formatura totalmente online.
Com 70 profissionais, o colégio ainda precisava encarar um 2021 não menos desafiador. O ensino remoto dava lugar ao híbrido, mas foi neste ano que Giselle e toda a equipe passaram a colocar em prática muitos dos planos adiados. Entre eles, o lançamento do UnescTec, com mais de 20 cursos técnicos. “O Colégio Unesc sai de 200 alunos em 2020 para mais de 500 em 2022. É um ano para comemorar o retorno presencial, o aniversário da escola, o crescimento, as pessoas acreditando cada vez mais na nossa instituição, querendo vir para cá, disputando vagas. É o resultado do trabalho de uma equipe que pega junto o tempo todo, muito forte, resiliente, que topa todos os desafios”, destaca.
Um ano nunca é igual ao outro
Os 18 anos de experiência na gestão escolar não amenizaram os obstáculos colocados diante de Giselle pela pandemia.
Como ela diz, os seus três anos frente ao Colégio Unesc foram distintos e ainda destaca o que a escola tem a apresentar para a comunidade. “Não posso dizer que já tive uma experiência anterior. O ano da pandemia foi um, o ano passado foi outro, este é outro. Desejo que as pessoas venham conhecer a nossa escola, um trabalho de excelência, feito com muito carinho, com acolhimento e respeito à todas as formas de vida, com base no ensino, na pesquisa, na extensão, desde o Colégio Unesc. Agora estamos elaborando o plano estratégico até 2025 e, com base nisso, vamos trabalhando os próximos dias, os próximos anos. Além do crescimento da escola em número de matriculados, recentemente tivemos três alunos com excelentes notas na redação do Enem, aprovações nos vestibulares em outras instituições e ingresso nos cursos de graduação da Unesc”, revela.
Físico e intelectual
Estar dentro da Unesc dá a possibilidade para que o Colégio coloque uma grande e qualificada estrutura à disposição dos alunos. Entre eles, biblioteca com sala do conto, brinquedoteca, museu da infância, laboratório de ciências, ateliê de artes, complexo esportivo, parque, pátio coberto, laboratório tecnológico móvel, entre tantos outros ambientes, todos monitorados.
“Não tem como explicar o quão benéfico é o colégio estar dentro da Universidade. Saber que os nossos estudantes podem fazer uma aula de Química em um laboratório que foram pensados para uma graduação. A escola jamais teria sozinha condições de ter espaços como este. E não para por aí! Olha o tamanho da nossa biblioteca: dois museus, espaços esportivos, serviço das clínicas, temos um grupo de profissionais da saúde que atende os alunos em emergências que porventura venham a acontecer. Acabamos sendo beneficiados de tudo isso que a Universidade oferece. Temos estagiários aqui que são acadêmicos. Acadêmicos que a gente sabe que estão recebendo uma formação dentro da Unesc, então acreditamos nesta formação que eles recebem”, reconhece a diretora.
Além de todos estes ambientes, o Colégio Unesc construiu uma forma particular de repassar os ensinamentos aos seus alunos. Forma esta construída pelos muitos profissionais que passaram pelo local. Uma delas é ex-coordenadora pedagógica do colégio, Gislene Camargo. Ela ingressou na entidade em 1994 como professora alfabetizadora, passando ao cargo de coordenação do Ensino Fundamental I em 2000.
“Quando iniciei, entrei nas normas da escola, no segundo ano levei algumas propostas, entre elas tirar os livros de 1ª a 5ª série. Os alunos do 1º ano possuíam livros que os pais tinham comprado e que me deixavam muito engessada, eu não conseguia fazer projetos porque tinha que seguir o livro. A coordenadora pedagógica da época concordou comigo em tirá-los e isso foi significativo porque a gente pode produzir os próprios materiais, dando outra conotação para o ensino. Também tiramos a nota e passamos a trabalhar com conceitos, além de possuirmos um grupo de pesquisa que se reunia toda segunda-feira à tarde. Aquele monte de professor estudando, planejando junto deu um up”, afirma.
Em paralelo a todo este trabalho, Gislene passou a atuar na graduação, ocupando hoje a coordenação do curso de Pedagogia da Unesc. A passagem pelo colégio encerrou em 2012. “Guardo tudo com o maior carinho. É importante termos este incentivo aqui, pois estabelecemos um diálogo. Ter uma escola dentro da universidade que tem licenciaturas é um presente e tanto para nós quanto para eles, porque sempre falamos em extrapolar os muros da escola, viver esta experiência. Na minha época de professora eu levava no horto, uma vez levei até no laboratório de anatomia. Hoje os alunos vão na nutrição, fazem a comida. Imagina uma biblioteca deste tamanho, os pequenos convivendo com os adultos, já pensando o que vão fazer na universidade”, acrescenta.
Aquela “floresta”, citada por Genir, era aproveitada por Gislene junto aos alunos. “Tinha muito mato, árvores, um poste minúsculo e para chegar era pulando nas pedras. Eu adorava brincar naquele espaço com os alunos. Fazia caça ao tesouro. Algo que eu amo, que fiz e continua até hoje foi ‘Uma noite de Muitas Histórias’, onde os alunos vão dormir na escola e participam de uma programação, além da ‘Noite Cultural’, que também é da minha época”, menciona.
A professora Rose Reynaud é conhecida pela a sua forte ligação com a educação do Sul de Santa Catarina e deixou também a sua marca no Colégio Unesc. Rose ingressou na unidade um ano após a fundação como coordenadora do Ensino Fundamental II. Depois, em 1995, assumiu a direção, cargo que ocupou até 1997. “Foi um período de muito aprendizado. O Colégio já tinha uma proposta inovadora, principalmente na relação com os alunos. Ele tem uma importância significativa para mim, pois foi a minha primeira experiência na educação privada”, comenta a ex-diretora, lembrando que antes era professora efetiva da Rede Municipal de Ensino de Criciúma.