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Braulio Moraes Neto: Você tem fome de que?

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“A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte”. Valer-me-ei dessa frase da música do Grupo Titãs para tecer algumas considerações em relação à reinauguração do Cine e Teatro Mussi na cidade de Laguna, no ano que passou. Sou formado em História pela Unesc, e o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), foi voltado ao surgimento e desaparecimento dos cinemas com prédios específicos na cidade de Criciúma. No caso, Cine Rovaris, Cine e Teatro Milanez e por último Cine Ópera, não esquecendo também do Cine Guarani no Distrito do Rio Maina e Cine Itália no Bairro da Juventude.

As pesquisas mostraram que os cinemas sucumbiram em nome do desenvolvimento e progresso e conseqüentemente não eram mais economicamente viáveis mantê-los de portas abertas. Simplesmente foram fechados ou transformados em outros estabelecimentos comerciais. Simples! Mas ao mesmo tempo triste. Fica claro, que no sistema capitalista tudo vira mercadoria e o objetivo final é o lucro. Uma curiosidade. Quando se deu o fechamento do Cine Rovaris, em 1972, uma das ultimas películas ou se não a ultima, a ser exibida foi “As quatros chaves mágicas”. Por ironia não houve chave mágica que conseguisse deixar o cinema de portas abertas.

Por outro lado, a cidade de Laguna, em nosso Estado, por sua característica, tem um histórico favorável no que tange a preservação do patrimônio cultural e histórico. O “velho” pode sim ser restaurado preservado e servir como espaço público no que abrange as apresentações artísticas, ou enfim, em várias outras utilidades. Um exemplo nesse caso é a preservação do Cine Mussi que está servindo para esse fim. Afinal, arte e cultura também são alimentos para o ser humano em sua plenitude.

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Nossa região e principalmente Criciúma, não é mais tão “menina” assim, como diz seu Hino. Precisamos também preservar nossa memória. Tudo se transforma muito rápido, o progresso e a modernidade engolem tudo a nossa frente, e se não preservamos nosso material humano, (artístico, arquitetônico, etc.), daqui a pouco não saberemos mais quem somos. Cadê nossa identidade, cadê os traços daquilo que nos faz entender como seres humanos históricos e sociais? E o que deixaremos para as gerações futuras?

“Criciúma nasceste menina” diz a primeira frase da primeira estrofe do Hino da Cidade. Porém ficou adolescente e no momento se encontra na maior idade. E fica a pergunta; O que temos de concreto, além de nossas lembranças, para recordar daquela Criciúma menina?

Fica aqui um alerta a todos nós e principalmente aos poderes públicos que podem muito sim intervir nessas questões, criando projetos, fazendo parcerias, entrando em contato com Instituições voltadas para esse fim.

Braulio Moraes Neto.
Especialista em Educação Inclusiva.
Bacharel e Licenciado em História e Licenciando em Filosofia.
3º Sgt da Reserva Remunerada da PMSC.


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