Todos os anos em nossa região como é de costume acontecem às festas dos colonos, com o intuito de homenagear e cultuar os costumes dos imigrantes europeus que aqui chegaram pelos fins do séc. XIX e inicio do séc. XX.
Antes de minhas orelhas ficarem quentes, quero primeiramente dizer que os colonizadores italianos, alemães e poloneses, etc. foram muito importantes para o desenvolvimento da nossa região. Portanto do modo que a história esta sendo transmitida, de modo muito romanceado e enaltecendo somente esses colonizadores é que nos deixam com a “pulga atrás da orelha”.
Negando aqui, a História de cunho tradicional, ao qual prioriza somente os grandes feitos, os grandes nomes, quero chamar a atenção para o seguinte fato. Existiram outros “sujeitos” que participaram daquele momento histórico em nossa região, e por não terem voz e nem vez, acabaram ficando no esquecimento. Na realidade, eles não tem nem voz e nem vez, porque foram quase todos dizimados pelos “valentes e desbravadores colonizadores”. Estou me referindo aqui aos índios Xokleng, pejorativamente conhecidos como “bugres”, que aqui em nossa região viviam em paz, caçando, pescando e se locomovendo por essas paragens que eram de todos.
Com certeza os índios Xokleng não entenderam a intromissão do homem branco ao seu território. Pois bem, esses desconhecidos que vieram da Europa com a noção da propriedade privada, símbolo chave do capitalismo que estava em plena ascensão, foram simplesmente cercando seus territórios e dizendo “agora isso é meu”. O índio que tinha outra cultura, onde tudo que estava na “mãe terra” era de todos, simplesmente quando viam um animal sobre aquelas vastas terras, o abatia para sustentar de seus iguais. Infelizmente esses mesmos índios foram logo taxados de ladrões, vadios que não queriam trabalhar, e viver do esforço alheio.
Ai então começou o conflito entre o colonizador e o índio, e não cabe aqui dizer quem levou a melhor, pois todos nós sabemos qual foi o desfecho, pois nesse momento só estão aqui os descendentes dos colonizadores para contar a história, e a história que lhes convém. Cabe aqui ressaltar, diferente daquilo estamos acostumados a escutar, que a semente de quem habita esse território foi também plantada pelos índios Xokleng e outras etnias que não estão registradas nos livros oficias. E nesse processo de miscigenação é que se deu a formação desse belo povo sul catarinense ao qual fazemos parte.
Afinal, como diz o poeta catarinense Lindolf Bell, “Se um índio Xokleng dorme sob a terra que arrancaste debaixo de seus pés, sobre a mira de tua espingarda, dentro de teus belos olhos azuis…veste a carapuça e ensina teu filho mais que a verdade camuflada nos livros de história.”