No próximo dia 19 de Abril estaremos comemorando o Dia do Índio. Mas uma pergunta fica no ar: O que nossos índios, atualmente, têm a comemorar nesse dia? Sabe-se que muito pouco. Na realidade, desde quando os portugueses pisaram por aqui, os índios nunca foram levados a sério, nunca foram tratados com respeito.
Desde o começo, por se acharem “civilizados” quiseram mudar uma cultura milenar, na forma de “reduções” e “aldeamentos”. Quiseram mudar uma espiritualidade pautada na natureza em detrimento de um Deus único. Matavam-nos porque não queriam entrar num sistema de escravidão e os chamavam de vadios e indolentes.
O tempo passou e, como podemos perceber, as práticas ainda são as mesmas. O homem branco ainda não tomou consciência. As reservas indígenas estão cada vez mais escassas, em conseqüência disso o povo indígena fica acuado, tendo que se submeter ao sistema capitalista, vendendo produtos artesanais para poder sobreviver, sabendo que só o que eles precisam é de mais espaço. Terreno para dali extraírem seus alimentos, numa terra boa, num ar puro e água limpa. Pior, eles estão observando o grande estrago que estamos fazendo com nossa “mãe terra”, extraindo todos os recursos naturais e degradando quase tudo.
Se ao homem branco custou o suor para conquistar sua casa, ao índio custou o sangue para permanecer nela.. Pena é que sabemos que muito sangue ainda vai correr até o homem branco “cair na real”.
E no fim das contas, quem sabe, como diz Caetano Veloso, “Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante… e pousará no hemisfério sul na América num claro instante… e aquilo que nesse momento se revelará aos povos/ Surpreenderá a todos não por ser exótico/ Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio.” O que será o óbvio? Penso que seja, “Homem branco não destrua tua morada, a mãe terra pede socorro. Para que extrair tanto dela, para depois estocar, vender etc”.
Que esse dia sirva para lembrarmos que todo dia é dia de índio, que luta que sobrevive, que pede socorro e uma nova tomada de consciência.