Tempo de natal e fim de ano são tempos de espiritualização e festas, mas também de reflexão, tempo de rever conceitos. Dentro desse contexto, penso que é oportuno fazermos essas considerações.
Nos últimos anos nossa região esta recebendo inúmeros imigrantes de diversas partes do continente africano. Como todos já sabem esses indivíduos saem de sua terra natal, fugindo de conflitos internos, perseguições, miséria, etc., em busca de uma vida melhor para si e suas famílias.
Infelizmente, corriqueiramente ouvimos ou vemos nos meios de comunicações, noticias envolvendo práticas discriminatórias e preconceituosas contra essas pessoas. Mas porque isso ainda acontece? Será que é medo de tomarem seus empregos? Sabemos que não. O problema é mais profundo, trata-se da cor da pele.
Se pegarmos o pensamento das “teorias raciais” brasileiras veremos que o problema ecoa aos dias atuais. Os estudos sobre “raça” no Brasil decorrem das teorias européias e estadudinenses, do século XIX, que se apoiavam na ciência com um ideal na superioridade da raça ariana (branca, pura), em consequência de uma desqualificação dos “não brancos”.
Num primeiro momento, Silvio Romero (1851-1914), e Raimundo Nina Rodrigues (1862)-1906), acreditavam que a “raça” explicava o atraso brasileiro em relação ao europeu, nesse sentido apresentavam negros e índios como inferiores (derrotados, decaídos).
Num segundo momento, Gilberto Freire (1900-1987), aponta a miscigenação no Brasil como fator positivo, ou seja, a mistura realizada entre brancos, negros e índios seria um elemento de promoção de uma “democratização racial” (CARVALHO, 2012). “Porém, o fato da sociedade brasileira possuir a democracia racial como um ideal afirmado e desejado, conduziu encobrimento da realidade das relações entre brancos e negros” (BARCELLOS, p. 09).
Nos dias atuais devemos prestar atenção nos mecanismos de manutenção do preconceito e do racismo. Essas distorções que viraram regras dentro de uma tradição cultural que vem de longe, e que ainda persistem ao dias atuais são altamente prejudiciais. Um exemplo do que estamos falando são as ditas piadinhas, pois “Por meio do humor expressam-se várias formas de preconceitos existentes em nossa sociedade, que reforçam ou, muitas vezes, justificam as desigualdades de tratamento e oportunidades entre as pessoas” (CARVALHO, 2012, p. 143).
Devemos então, em nosso cotidiano, nos policiarmos no sentido de não cometer atos que depreciem ou desencorajam pessoas por serem de etnias diferentes. Que num futuro próximo, possamos acreditar de uma forma mais concreta que Gilberto Freire não estava enganado. Que a diversidade étnica possa ser vista como um fator positivo para uma identidade cultural de todo povo brasileiro, e o melhor, transmitir essa harmonia á todos estrangeiros que aqui chegarem.
Pense! Imagine você num país estranho, apenas querendo ganhar seu dinheirinho com o suor de seu trabalho, e sofrendo as mais variadas humilhações, apenas por ter um fenótipo (características externas, tipo cor da pele) diferente. Afinal raça só existe uma: a humana.
Feliz Natal a todos; negros, brancos, amarelos e vermelhos.