Comitês foram formados para disseminar a plataforma pelo Brasil, que pode oferecer redução de custos de até 20%, segundo Governo Federal.
O uso do Building Information Modelling (BIM) será obrigatório a partir de 2021 nos projetos e construções brasileiras. Esse foi o teor do Decreto Presidencial assinado esse ano para democratizar a plataforma no país. Seis meses após o anúncio da medida, os trabalhos de comitês espalhados pelo Brasil se concentram em implantar a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM, proposta pelo Governo Federal. Santa Catarina, inclusive, foi o primeiro estado a definir que até 2019 as licitações de obras públicas fossem feitas com a metodologia BIM.
Para o arquiteto criciumense, Adrian Possamai Della, coordenador do Comitê de NBR do CBIM em Santa Catarina, o momento é de reunir esforços. “Estamos juntando esforços no Estado para aperfeiçoar as normas existentes e criar novas de acordo com cada necessidade”, destaca o especialista em BIM. O arquiteto é o único catarinense a ter uma cadeira na assembleia nacional do Comitê da ABNT que visa elaborar as normas técnicas do BIM. “Assumi a cadeira da Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção justamente para auxiliar no gerenciamento desse processo de normalização da plataforma”, complementa ele.
Revolução na Construção Civil
O BIM é um modelo de gestão de informação da construção que possibilita a criação de um banco de dados e representação virtual do objeto que será construído. De forma digital, os modelos virtuais podem ser visualizados em três dimensões e também em realidade virtual e aumentada. Além disso, o banco de dados da plataforma possibilita o compartilhamento dessas informações entre os diferentes profissionais envolvidos no processo.
De acordo com um dos sócios da Quadro Arquitetura, o arquiteto Thiago Campos, as diversas possibilidades da gestão da informação são os principais ganhos da indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção Civil que estão alinhados ao novo cenário global da Indústria 4.0, Big data e IOT – Internet da coisas. “Trabalhamos o futuro agora. Através metodologias e tecnologias de ponta: criamos, projetamos, analisamos e planejamos todos nossos trabalhos, fazendo todo o possível para que o futuro fique mais “palpável” para o cliente, oferecendo também segurança técnica e assertividade na obra”, sublinha ele.
De olho na redução de custos, aumento na produtividade e assertividade e integração nos processos construtivos, o Governo Federal estipula que a queda nos custos possa chegar a 20%, de acordo com estudos contratados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Paralelo a isso, conforme pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a previsão é que a produtividade seja incrementada também em 10%, caso o uso da plataforma cresça 10 vezes até 2028. Alcançadas, essas metas poderão render acréscimo projetado de 28,9% no PIB da indústria da construção.
Democratização do BIM
Adrian menciona, ainda, o desafio de formação de capital humano capacitado na tecnologia “O estímulo à capacitação dos profissionais, especialmente no setor público, será essencial. Além disso, as universidades precisam estar atentas a essa necessidade do mercado e habilitar os acadêmicos de forma que saiam prontos para usar a plataforma. Mas não há como escapar, essa tecnologia precisa ser absorvida pelos profissionais que estejam ligados a Construção Civil”, finaliza ele.