Hoje, uso este espaço para divulgar um belo trabalho artístico desenvolvido em Forquilhinha. Durante o ano de 2018, por 5 meses um grupo de 6 mulheres reuniu-se semanalmente para tentarem elevar sua autoestima, reconstruir suas vidas e tornarem-se autoras de sua história podendo escolher o final que desejam.
Este grupo se autodenominou “Sankofa”, que é um ideograma africano que significa: aprenda com o passado e nada melhor para identificar um grupo de mulheres que foi vítima da violência e que conseguiu quebrar este ciclo, pois olhar para o passado e refletir sobre os fatos pode servir como estímulo para não repetir padrões destrutivos.
Com o apoio da Secretaria de Assistência Social do município de Forquilhinha e da equipe de profissionais do CREAS, as mulheres que ousaram sonhar e se reerguer como a lendária Fênix, que surge das cinzas; puderam vivenciar experiências fortalecedoras da sua autoestima.
Como arte educadora pude trabalhar neste projeto e contribuir no desenvolvimento do grupo, juntamente com a psicóloga Joseane Nazário, que também é coordenadora do CREAS, num casamento entre arte e psicologia e assim ajudar as participantes a superar os traumas sofridos nos antigos relacionamentos.
Este projeto culminou numa instalação artística que tem como principal produto “scketchbooks” artesanais feitos pelas próprias mulheres e que carregam o relato de sua vida, seus sofrimentos, o rompimento do ciclo da violência e a reconstrução da sua história.
Escrevo sobre esta exposição para divulgar e convidar à todos para prestigiarem esta bela e forte composição, mas também para entendermos que a arte não serve apenas para embelezar espaços, ela é há muitos séculos usada como uma forma de manifestação social e política, utilizar a arte para expressar sentimentos e pensamentos é libertador e transformador. Essas mulheres usaram suas histórias para encorajar outras mulheres que vivem situações iguais a se libertarem e buscarem ajuda, transmutaram seu sofrimento em arte.
E, por fim, um dos objetivos dessa exposição é trazer reflexão para toda a sociedade: Qual o papel que exercemos frente às violências: O papel de cúmplice, que faz de conta que não vê? Ou o falso “juiz”, que condena a mulher? Será o lugar da vítima amedrontada pela situação na qual está presa? Ou o do agressor, que se sente no direito de violentar as mulheres?
Vamos falar sobre o assunto para por fim nesta situação insustentável e não aceitável nesta época da história e vamos usar a arte para isso também e desta forma dar vida e utilidade aos espaços culturais e aos movimentos artísticos.
É possível realizar visita guiada com data marcada e para as escolas e grupos de estudos é possivel realizar visitação a noite.
A exposição “Beba-me” ficará até 7 de maio no Centro Cultural de Forquilhinha, localizado junto ao Parque Ecológico São Francisco de Assis, no Bairro Saturno, e estará aberto para visitação das 8h às 12h e das 13h às 17h.