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Autismo é causado por fatores genéticos e ambientais, explica Apae de Forquilhinha

Autismo

A cada 36 crianças, uma é diagnosticada; no domingo (2) é lembrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

No domingo (2) é lembrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Causado, principalmente, por fatores genéticos e ambientais, o TEA (Transtorno do Espectro Autista) é algo que cresceu significativamente nas últimas décadas. Segundo pesquisa do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) de 2023, hoje, a cada 36 crianças, uma é diagnosticada.

Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae de Forquilhinha são atendidos 57 autistas. A instituição acompanha desde o diagnóstico até o acompanhamento e oferece serviços como fisioterapia, fonoaudióloga e estimulação precoce. Ainda visto com algo novo, o maior questionamento sobre o transtorno é em relação à causa.

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Possíveis causas

A fisioterapeuta da Apae Fernanda Pasini Berkenbrock explica que a alteração genética existe, mas os estudos ainda não descobriram exatamente o que causa e quais genes são afetados no Autismo. Diversas pesquisas são realizadas e a etiologia do transtorno ainda é um grande desafio para a ciência.

“De 97 a 99% é causa genética. Não é apenas herdado dos pais, mas também é causado por fatores ambientais, como poluição, agrotóxicos, idade avançada dos pais, infecções e medicamentos usados durante a gestação… Isso tudo gera alterações do gene”, explica a especialista.

Uso da tecnologia

O uso de tecnologias não é indicado até os dois anos de idade. Este é o momento em que a criança absorve as informações, em frente às telas, em vez de brincar, socializar, experimentar coisas novas ou usar a criatividade, ela só estimula as áreas da visão e audição. No caso da criança com Autismo, é possível que os sintomas sejam agravados, aumentando o comprometimento funcional.

“O adequado seria zero contato com essas telas até os 2 anos de idade. Os sintomas do TEA podem agravar quando a criança tem um excesso de tecnologias. É possível ter o gene e os sintomas não se manifestarem, por ser uma criança bem estimulada. O máximo que puder estimular, e o quanto antes, também vai diminuir esses sintomas”, salienta Fernanda.

Com índices cada vez mais altos, a fisioterapeuta salienta que até pode haver relação com o aumento dos casos, mas o que mais cresceu foi o conhecimento. Cada vez mais as pessoas estão descobrindo o TEA e os diagnósticos estão mais precisos, ocorrendo até mesmo na vida adulta.

Comunicação no Autismo

O TEA é um transtorno de neurodesenvolvimento e tem como um dos comprometimentos, as habilidades de comunicação. A fonoaudióloga da Apae Natália do Carmo Ferreira explica que pode ocasionar um atraso ou a chamada ecolalia – um distúrbio do desenvolvimento da fala, bastante comum em pessoas com autismo.

“Nós chamamos os sintomas do autismo de díade: comunicação e interação social e o comportamento. Antes nós tínhamos uma tríade, mas eles juntaram a comunicação e a interação social”, detalha a pedagoga especializada em educação especial da Apae, Almerinda Cristina da Luz Dias.

A dificuldade de interação social e a presença de comportamentos repetitivos ou estereotipias, que consiste em movimentos recorrentes com o corpo, são outros sintomas comuns. Apesar disso, cada autista é de um modo e apresenta sintomas diferentes. “Por isso que nós chamamos de espectro, porque cada criança é peculiar, cada uma tem o seu jeitinho de ser”, cita a pedagoga.

Nos primeiros meses os sintomas do Autismo também já aparecem. Por exemplo, um bebê que tem poucas expressões faciais, não faz contato visual com os pais, não sorri, não balbucia palavras, nem imita gestos ou não responde quando chamado. Nesses casos, é importante restringir o uso de tecnologia e enfatizar o estímulo com texturas, cores, números e entre outros.

A pedagoga Almerinda também ressalta a importância de identificar essas características precocemente e não existir resistência por parte dos pais. Afinal, quanto mais tardio for o diagnóstico de Autismo da criança, mais difícil será a evolução dela. Caso o filho apresente alguns dos sintomas citados acima, é preciso ficar em alerta e buscar ajuda.

Mais frequente em meninos

Estatisticamente, a relação é de quatro meninos para uma menina, ou seja, o autismo é muito mais incidente no sexo masculino. “Os estudos mostram que o cérebro feminino possui maiores habilidades na comunicação e na realização de multitarefas. Às vezes a menina possui alterações no gene, mas não se manifesta igual no menino. Essa é uma das hipóteses que a ciência investiga”, comenta Fernanda.

Hoje, o TEA é classificado em graus: do leve ao grave. Segundo a pedagoga da Apae, estes graus estão ligados à funcionalidade e ao quanto o autista é independente. Nos primeiros anos de vida, toda criança é dependente de um adulto, mas a estimulação vem para buscar esta independência. Por isso, a importância da estimulação iniciar o quanto antes, para que o grau de comprometimento da criança com TEA seja o mais leve possível.

O papel da Apae

Na Apae de Forquilhinha, a primeira etapa ao receber alguém com suspeita de autismo é passar por uma triagem. Nem sempre há um diagnóstico, em alguns casos os pais ou professores observam algum atraso no desenvolvimento. Inicialmente, a criança passa pela avaliação com a fonoaudióloga, psicóloga e fisioterapeuta. Se ela apresentar atraso no desenvolvimento, passa a frequentar a instituição.

“Na parte da fisioterapia, eu atuo com crianças que têm algum atraso ou alteração motora. É muito comum, por exemplo, a criança apresentar a marcha equina, que é o andar na ponta dos pés. Na avaliação eu vou verificar se há alterações motoras, funcionais e sensoriais… Atuando assim, principalmente, na coordenação motora, alinhamento postural e marcha”, conta Fernanda.

Como um dos sintomas mais comuns, o atraso na fala é trabalhado desde o início na Apae. “Na minha área, eles, inicialmente, exibem problemas na comunicação. Além disso, também não apresentam gestos, como dar tchau, mandar beijo, ou têm dificuldade na alimentação. Tudo isso é trabalhado na terapia”, detalha a fonoaudióloga, Natália.

Todas as áreas trabalham em conjunto para que a criança desenvolva novas habilidades, “Na sala da estimulação precoce nós trabalhamos principalmente a questão cognitiva da criança, mas é sempre importante ressaltar que aqui nós somos uma equipe, então estamos sempre dando suporte uma para a outra”, explica Almerinda.

“Durante a terapia, desenvolvemos atividades como pareamento de cores, letras, números, e as AVD’s (Atividades de Vida Diária). Se a Fonoaudióloga Natália está fazendo a introdução alimentar, eu já posso preparar essa criança antes com imagens, figuras de alimentos, assim a criança já vai ter conhecimento”, completa a pedagoga.

Fique atento aos sinais e procure ajuda de um especialista. Vale ressaltar que a estimulação é importante para o desenvolvimento de todas as crianças, mesmo as que não possuem traços do espectro.

Redação – Giovana Bordignon


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