O livro Até que a Culpa nos Separe, de Liane Moriarty, gira em torno de um acontecimento durante um churrasco na piscina, só que os leitores saberão o que realmente aconteceu quase no final da história, quando tudo é revelado. As protagonistas são as amigas de infância Erika e Clementine, só que esta amizade não foi muito saudável desde crianças até adultas, mesmo assim se dizem muito amigas. Foi quando aconteceu o detalhe principal da história que elas pararam para analisar passado, presente e futuro deste relacionamento e descobriram que não havia tanta afinidade como imaginavam.
Clementine é uma violoncelista, casada, duas filhas, sua vida não é muito regrada, mas vivia bem do jeito que escolheu. Erika era o oposto, contadora e casada, dizia desde adolescente que não queria ter filhos. A experiência de Erika com seus pais não foi saudável, a mãe é uma acumuladora compulsiva, causando transtorno para família e vizinhos. Diante deste drama, a mãe de Clementine se solidarizou com a menina Erika e esta começou a frequentar casa, viajar nas férias e fazer parte da vida de Clementine desde cedo.
O livro intercala presente e passado, mostrando o que as duas amigas estão enfrentando e como chegaram juntas até ali. O acontecimento é como um gatilho e faz com que muita coisa mude na vida dos personagens. E não é só isso… Erika faz um pedido estranho e constrangedor para Constantine que diz que dará a resposta em breve. A família Tiffany, Dakota e Vid são os anfitriões do churrasco e tudo acontece na casa deles. As risadas, a diversão, bebida, jogo de sedução e outros fatores vividos no momento deixam todos os envolvidos se sentindo culpados pelo que aconteceu e versões que os fariam escapar desta falha são recriadas nas mentes.
Esta resenha é difícil de escrever sem revelar o que realmente aconteceu naquele churrasco. Um dos diferenciais do livro é este suspense, mesmo que a imaginação ajude a identificar. Mas o interessante na história são as mudanças de comportamentos, os traumas que afloram, os sentimentos escondidos e não admitidos durante anos que surgem e muito mais. A autora consegue mostrar como amizades e relacionamentos podem ser frágeis, que a falta de afinidade pode distanciar as pessoas, que relacionamentos (qualquer tipo) precisam de diálogos para sobreviver e se fortalecer e ainda que a mudança faz parte da vida.