Por Rodrigo Minotto – deputado estadual
2º Vice-Presidente da Assembleia Legislativa de SC
Vice-presidente estadual do PDT/SC
Semana passada, em Salvador, Bahia, o estudante Gabriel Silva Santos, de 22 anos, foi preso ao sair de um banco, onde fora sacar seu auxílio emergencial.
O jovem foi preso e colocado em uma cela com mais de uma dezena de outros presos porque sua descrição, negro e com tatuagens, combinavam com a descrição de um outro rapaz que havia roubado um carro há poucos dias.
Foi solto em 24 horas graças a uma impressionante mobilização popular nas redes sociais.
Este é apenas mais um exemplo de como o racismo persiste em nosso país, apesar da ideia há tanto tempo difundida por tanta gente que no Brasil não existe racismo.
O exemplo acima se torna ainda mais eloquente por ter acontecido em Salvador, uma cidade de maioria negra.
A questão do racismo, que mobilizou o mundo em especial a partir da morte de George Floyd por policiais brancos nos Estados Unidos, também expõe os problemas do Brasil no tema.
Basta olharmos as manifestações de rua que ora começam a ocorrer no país, iniciadas em São Paulo e que hoje se espalham pelo território nacional e não são mais exclusividade dos grandes centros.
Nessas manifestações em defesa da democracia, a questão do preconceito racial está presente em grupos, em cartazes e faixas e slogans ditos em alto e bom som pelos manifestantes.
Essa ligação de luta contra o racismo e defesa da democracia não é nova entre nós.
Começou, na verdade, em uma manifestação acontecida há 40 anos, nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, mais precisamente em 1978, quando as lideranças da época, ao discursarem contra o racismo e a necessidade da comunidade negra se organizar e se mobilizar pela causa, não deixaram de pautar também a questão da democracia.
Registre-se que isto aconteceu dez anos antes da aprovação da Constituição de 1988, quando nosso país vivia tempos de luta pela liberdade e retorno à normalidade democrática.
Não por acaso, a luta contra o racismo e a defesa da democracia se encontram outra vez nas ruas.
Assim como essas duas causas se encontram em São Paulo, Fortaleza, Rio, Criciúma ou Florianópolis, temos a obrigação como cidadãos de defendê-las para que possamos todos nós conviver em uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária.
No que depender de mim, Santa Catarina terá em todos os lugares e em todos os momentos uma voz em defesa do fim do racismo e a permanência duradoura dos princípios democráticos do estado de direito.
VIDAS NEGRAS IMPORTAM! Juntos teremos sucesso nessa luta.