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O amor existe?

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio de Souza – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal

Acreditar nas potencialidades daquilo que um dia nos trouxe prejuízos é tarefa difícil, principalmente quando ainda não elaboramos os sentimentos que se referem à nossa última experiência de acreditar.

Raiva, frustração e impotência são comuns nestas situações e, geralmente reforçam crenças pessoais internalizadas por toda uma vida: “Nada dá certo para mim!”, “Não posso mais me envolver!”, “O amor não existe!”. É comum após rompimentos em relacionamentos, que num primeiro momento surja dúvida com relação a existência do amor. Contudo, quando o término do relacionamento não é elaborado, ele pode contribuir para reforçar estas crenças e assim, orientar os próprios sentimentos e comportamentos.

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Então, quando o desacreditar se refere a um novo relacionamento, precisamos abordar alguns questionamentos:

  • “O que é amor para mim?” – Quando questiono os meus pacientes sobre seu conceito de amor, automaticamente identifico a forma como ele aprendeu que deve ser o amar e o ser amado. É comum ao afirmar que não acredita mais no amor, que na realidade o indivíduo esteja dizendo que não acredita mais neste sentimento porque as suas experiências com o amor não se concretizaram do jeito que ele imaginava ou esperava. Ás vezes acontece também que envolto no conceito de amor desta pessoa estejam presentes resquícios de romance e de fantasia originado das mídias (ficção, romances, novelas, músicas…) ou até mesmo dos exemplos de relacionamentos dos seus vínculos familiares e que as vezes não correspondem a realidade deste indivíduo. Assim, este indivíduo passa a afirmar com grande pesar que o amor não existe, sendo que neste caso o que não existe é a fantasia que ele construiu em torno dos relacionamentos.
  • “Eu não acredito ou não quero acreditar?” – Esta pergunta é importante para avaliar se o medo da frustração tem boicotado a vontade de investir novamente em um outro relacionamento. O medo de entrega, o medo de vivenciar as dificuldades que uma relação traz, o medo da frustração, podem ser a origem da descrença no amor, contudo, inconscientemente este sentimento de medo pode orientar os comportamentos do indivíduo fazendo com que ele simplesmente não se envolva mais.
  • “Eu não acredito mais, mas, quero voltar a acreditar?” – É importante identificar se existe a vontade de voltar a acreditar em um sentimento, afinal, o amor não é uma mágica, ele existe, ele é construção. Também é fundamental saber no que se quer acreditar. Ás vezes é difícil colocar a responsabilidade dessa escolha para si, assim o indivíduo a transfere para o outro ou até mesmo para o sentimento, desta forma afirma que não dará certo porque as pessoas não sabem amar. Mas ao surgirem estes pensamentos é importante fazer outra pergunta: Como eu tenho contribuído para que o amor que eu quero viver exista?

Quebrar a magia por traz do sentimento, e enxergá-lo como uma construção onde são necessárias duas pessoas dispostas a torná-lo real e possível constitui o primeiro passo para voltar a acreditar no amor. Quando compreendemos a realidade e a aceitamos sem máscaras, passamos a assumir uma postura mais espontânea e saudável diante da vida.

Acreditar em si, e nas próprias contribuições para uma relação também auxiliam significativamente no processo de acreditar no sentimento de amor. Enquanto existir vontade e disposição para tornar um sentimento real, existe motivos para acreditar que ele existe.

E sobretudo, é fundamental reconhecer que assim como nossas relações de amizade não se constituem somente do gostar, relacionamentos conjugais também não. É necessário construir outros sentimentos e atitudes para fortalecer as relações.

Por isso, quando perceber que os seus medos estão falando por você, procure auxílio psicológico e se permita acreditar naquilo que pode contribuir para a sua felicidade.


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