O caso da demissão do chefe do Departamento Médico do Criciúma, doutor Mário Búrigo, expõe mais uma vez que o presidente Jaime Dal Farra ainda está em processo de adaptação ao que é um clube de futebol. A gestão do caso foi a pior possível, culminando com a demissão de um profissional que chegou há pouco tempo e gerando um mal estar em uma situação que poderia ser melhor controlada.
Para contextualizar, vamos relembrar o caso: na derrota por 1×0 diante do Atlético/PR na Copa da Primeira Liga, o centroavante Jheimy deixou o gramado com um problema muscular. O atleta ficou realizando o tratamento normalmente, até que, na última semana, deu sequência às atividades em Sorocaba (SP), com o doutor Augusto Ferreira. O atleta teve a autorização de Dal Farra, mas não de Marinho. Segundo informações do repórter Jota Éder, da Rádio Eldorado, o médico paulista não quis passar detalhes dos procedimentos. Descontente, o chefe do DM tricolor emitiu uma nota à imprensa:
Ainda de acordo com o mesmo repórter, o presidente considerou que Marinho feriu uma norma do clube ao emitir a nota e que seria demitido em função disso.
Foi nítida a falta de comunicação entre as partes. Por mais que o doutor Augusto Ferreira seja de confiança de Dal Farra, autorizar a ida de Jheimy para realizar o tratamento, sem ao menos tem o “ok” do chefe do DM, é de uma grande irresponsabilidade. O fato de ser o mandachuva do clube não lhe dá poderes para fazer o que bem entender, a seu bel prazer.
Vale lembrar que este não é o primeiro caso de saídas controversas do clube. O mais emblemático envolveu Wilson Vaterkemper, o Wilsão. Contratados às pressas para a disputa do Brasileiro Sub-20 do último ano, participou do torneio praticamente sem treinar, foi eliminado e, na volta, demitido. Dal Farra justificou com diferenças ideológicas, enquanto o próprio Wilsão me revelou que a direção não gostou de alguns pedidos que fez. Mais tarde, os doutores José Carlos Ghedin e Marcelo Beirão foram demitidos sem grande razão aparente.
Ressalte-se que ainda é um período de transição. Dal Farra pegou um clube planejado durante anos por Antenor Angeloni e certamente precisará de algum tempo para dar a sua cara, mas os três episódios que citei deixam claro que há um ruído na comunicação dentro do clube. Faltou uma gestão adequada do assunto, evitando que o episódio ganhasse proporções exageradas e ultrapassasse os muros do estádio Heriberto Hülse. Além do mais, estamos falando de um caso médico, onde não é só ir e dar um pitaco e deu. Existem profissionais capacitados e gabaritados envolvidos na questão.
Pergunta
Vale o questionamento: Marinho deu a entender que outros atletas passariam pelo mesmo procedimento com o médico paulista. Por que? Qual o vínculo dele com o Criciúma? São perguntas que precisam ser respondidas por Dal Farra.