Na última semana, trouxe neste mesmo espaço que não havia razão para o torcedor do Criciúma se empolgar muito com a vitória sobre o Figueirense, em Florianópolis. A intenção não era ser pessimista ou algo semelhante, mas, sim, deixar claro que o time ainda está em formação e, com o passar dos jogos, necessidades vão sendo observadas. Além disso, o plantel é jovem, o que torna a oscilação natural.
Eu poderia repetir o que escrevi na última semana e dizer que o time não está tão bem, assim como não está tão mal. Está, sim, em gradual progressão, o que é normal para um começo de temporada. Porém, opto por elencar alguns motivos para que as opiniões sobre o time sejam revistas. Vamos lá, então:
1) Começo de temporada: são dois meses de treino e praticamente um de jogos. Até o momento, o Criciúma fez oito partidas. É pouco, muito pouco, para tirar qualquer conclusão. Além do mais, desde a estreia, o técnico Roberto Cavalo ainda não teve uma semana livre para reajustar a equipe durante uma sessão intensa de treinamentos;
2) Time jovem: não ignoro o peso da experiência, mas entendo que este fator sempre foi superestimado – especialmente por parte da imprensa. O segredo para se revelar atletas é ter coragem para coloca-los para jogar. O Criciúma vem tendo um pouco disso nos últimos anos. Como todo jovem, é normal oscilar e sentir dificuldades em determinadas situações. Esse tipo de situação se encaixa no “oito ou oitenta” que citei na última semana. É um time em formação com atletas também em formação. Cabe aos mais experientes passarem a tranquilidade e o conhecimento que possuem para que os meninos não se percam;
3) Esquema definido: a formação do Criciúma de Cavalo não tem mistério desde o começo da temporada. É o tradicional 4-2-3-1, se fechando no 4-4-2 sem a bola. A manutenção do esquema tático é muito mais importante do que na repetição de um 11 inicial. Isso provoca uma mecanização maior do time e faz com que quem entre e saia saiba exatamente o que é preciso fazer;
4) Criciúma não é o Barcelona: esse é o ponto que gosto sempre de frisar. O Criciúma não tem Messi, Neymar e Suarez. Ou seja, não vai atropelar todo mundo. Aliás, no Brasil, não há nenhum Barcelona. Existem bons times, uns melhores que os outros, mas todos numa mesma realidade. O Tigre, dentro do contexto do futebol catarinense, é um time grande e vai fazer jogos parelhos contra os maiores representantes, mas terá de encarar ferrolhos dos times pequenos. Tropeços são normais. O Criciúma não é e nunca foi uma máquina que triturava os adversários. Não vai ganhar todas, é óbvio. Vai perder e empatar bastante;
A conclusão é a mesma da semana passada. Se não dá pra fazer Carnaval com as vitórias recentes, não é para fazer terra arrasada com o empate com o Guarani de Palhoça. Erros acontecem com uma frequência não imaginada dentro de um jogo de futebol. A meta é sempre diminui-los, ainda mais nos primeiros meses de temporada. Qualquer conclusão que seja feita neste momento é trazer uma falsa realidade de um trabalho que está apenas em seu início.