Você clica o momento, o momento não fica em você, não verdadeiramente.
O sorriso maroto, o sorriso do garoto,
O aceno da menina, a alegria que fascina
E até mesmo a loucura, insipida, ou apenas divertida
Todo o amargor de uma dor, um post
“Luto”, em preto o sentimento
Efemeramente eternizado em rede qualquer
Dor só é dor em quem realmente sente
O ontem foi brilho, de purpurina e até Zé Gotinha assustava
Hoje o brilho ofusca mentes cansadas e ideias pausadas
A luta é pela melhor pose igual a todas as outras
Que serão transformadas em antidepressivos likes digitais
O aplicativo celularmente te avisa: “Mais uma dose”
Tome seu gole da nova aspirina, dedão para o alto!
Pequeno coração vermelho e algum rápido sorriso
Nenhuma lágrima, só o riso, também passageiro
Alguns se cansam, outros mais ainda se enganam
Mostram-se ao mundo e seus glúteos atributos
Nada mais parecem oferecer, tampouco se esforçam
Ontem era beleza, humilde, sim, mas verdadeira
Hoje atitude, nem rude, apenas alvissareira
Que nada mais promete, pouco já encanta, apenas repete-se
Gloriosos são os relutantes que conseguem escarpar
A maioria enganando-se adoece e parece agradecer
Quem dera um dia de sol radiante e todo esse povo
Saíssem de suas redes e redescobrissem o mundo
Eu iria junto chutando a enfadonha necessidade criada
Procurando pela alegria verdadeira de fazer da companhia alheia
A saudável recordação de uma memória
Para além de uma cogitada fotografia
A perder-se no infinito de uma virtual nostalgia
Que talvez nunca mais tome a abstração de uma vida.