Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro
Observo os ipês por onde passo, mas não paro. O tempo é o mesmo e minha velocidade não aumenta. Os ipês são amarelo-ouro.
Também as orquídeas se apresentam, se avolumam, se exibem tão faceiras! Eu as contemplo, mesmo que por poucos segundos.
As nuvens se modelam e remodelam e desenham quadros de maravilhosos tons quase impossíveis. O sol lambe as montanhas da serra e escorrega para outras paragens. Finda o dia.
De longe a serra é azul, do alto as cidade são amontoados, embaixo das cachoeiras a água gelada nos reconecta.
É preciso ouvir-se o silêncio.
A areia da praia entremeando-se aos dedos dos pés e aquela sinfonia cósmica do quebrar das ondas enaltece o infinito dentro de nós.
Quando ouvimos a natureza nos desprendemos de nós mesmos.
Por mais vezes necessitamos desligar-nos das obrigações diárias e nos ligar na oração do Universo que nos chama a parar.
É primavera, é verão, é outono, é inverno.
O mundo gira, a vida se reinventa.
Essencial é estar apto a perceber-se pequeno, completo e necessário. Desligar-se do virtual e conectar-se ao real.