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Planeta enfrentará El Niño mais intenso a partir de novembro

palestra

Afirmação foi feita em palestra do especialista alemão em aquecimento global, Donat-Peter Häder.

Entre 2015 e 2016, o planeta sofrerá com as consequências de um super El Niño. É o que apresentou o professor alemão e especialista em aquecimento global, Donat-Peter Häder, nesta quarta-feira, 28, em Florianópolis, durante uma palestra promovida pela Secretaria de Assuntos Internacionais de Santa Catarina. Segundo Häder, os maiores efeitos serão registrados a partir novembro deste ano.

O El Niño é um fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico na costa da América do Sul. Segundo o professor, as medições apontam que este aquecimento será maior em 2015. Desde julho, o aumento é de 1°C. “É o dobro do aumento da temperatura das águas do Pacifico Leste em relações ao fenômeno de anos anteriores. Normalmente, o aumento é de 0,5°C grau por três meses. Este será um super El Ninõ”, detalhou Häder.

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No El Niño, as correntes levam as águas quentes da superfície do Oceano Pacífico da costa da Austrália para a costa da América do Sul. Desta forma, as águas frias que vêm do Sul do continente americano não conseguem subir das camadas mais profundas do oceano para a superfície, como acontece normalmente. Isso gera alterações de pressão que mudam a dinâmica do clima em todo o planeta. “Algumas pessoas acreditam que o El Niño é um evento regional, mas na verdade afeta toda a Terra”, destacou o pesquisador. No La Niña, fenômeno que sucede o El Niño, as mudanças são opostas, com as águas geladas tomando espaço no centro do Oceano Pacífico.

Apesar das chuvas das últimas semanas, os efeitos do El Niño ainda não determinam as condições climáticas de Santa Catarina. Segundo Häger, os efeitos do fenômeno serão sentidos a partir de novembro em todo o mundo. Para a região Sul do Brasil, são esperadas chuvas acima da média. Na última vez em que o fenômeno esteve tão forte, registrou-se um aumento de 8 metros no nível do Rio Paraná. Já o Norte do país e região amazônica registrarão um período mais seco. O El Niño também deixa as temperaturas médias mais altas no país.

O secretário de Assuntos Internacionais, Carlos Adauto Virmond, ressaltou que o governo catarinense acompanha a evolução do El Niño para poder atuar na prevenção. “Foram feitos investimentos nos últimos anos para melhorar a prevenção aos desastres, como a instalação do Radar de Lontras e os estudos para a contratação de um novo radar para o Oeste, que vai ampliar a nossa capacidade de avaliação meteorológica, e também a construção do Centro de Monitoramento e Alerta de Santa Catarina”, listou Virmond.

No mundo, o El Niño trará chuvas para a Patagônia (Argentina), Califórnia, Índia, Paquistão, e leste áfrico; secas e incêndios florestais na Indonésia; grandes perdas agrícolas na Tailândia e redução da atividade pesqueira no litoral do Chile ao Peru; menos ciclones no Japão e Coréia do Norte e Sul e aumento destes em Guam.

Aquecimento global

De acordo com o Häger, 2015 será o ano mais quente da história. E não está sozinho: é a 13ª vez que se registra o recorde nos últimos 15 anos. “Quando olhamos para o futuro, tudo depende do que estamos fazendo”, alertou o pesquisador. “Se não fizermos nada, continuarmos o que estamos fazendo, acabaremos com um acréscimo de 6°C na temperatura global em uma comparação entre hoje e a última era glacial”, completou.

O evolução para cima da temperatura mundial coincide com a Revolução Industrial. Hoje a China assumiu a liderança das emissões dos gases causadores do efeito estufa, com os EUA em segundo lugar. “Quando olhamos o Brasil, podemos ver que não somos os maiores responsáveis [pelas emissões]”, disse Häger. A geração de energia em hidroelétricas e o uso do etanol ajudam no desempenho brasileiro, mas o desmatamento é um ponto negativo.

O aquecimento global pode causar, por exemplo, mortes de espécies da vida marinha, eventos climáticos catastróficos mais frequentes e fortes, e problemas na agricultura com estiagens e elevação nos níveis do oceano. A extensão dos efeito, segundo Häger, “dependerá muito da quantidade de gases causadores do efeito estufa que continuaremos emitindo”.

Francine Ferreira – Rafael Paulo


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