Nos últimos meses de 2018, uma equipe de desenvolvedores de software do Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (Ciasc) recebeu um desafio novo. A missão: tornar o Portal de Serviços do Governo de Santa Catarina 100% acessível para deficientes visuais. Depois de muito trabalho, a novidade está disponível desde o começo de dezembro.
Para tornar esse avanço possível, o serviço de uma pessoa foi indispensável. Gustavo Farias Medeiros, de 20 anos, é um estudante do 5º período de Sistemas da Informação. No contraturno da universidade, ele trabalha como estagiário na gerência de produtos de software do Ciasc. E coube justamente a ele, um deficiente visual, fazer a análise do serviço feito pelos desenvolvedores. Por meio de um leitor de tela, ele escutava os comandos e navegava pelo portal.
“Eu verifico o que está inacessível para o deficiente visual e, para aquilo que pode ser melhorado, também faço observações com possíveis soluções. Hoje temos um site amigável, fácil de entender. Com uma ou duas navegações, já é possível compreender a estrutura e tudo fica mais simples”, avalia Gustavo.
Um dos líderes da equipe que desenvolveu a acessibilidade para o Portal de Serviços, Fábio José do Amaral lembra que esse é um caminho sem volta. Segundo ele, inserir os deficientes visuais no mundo virtual já se tornou um objetivo para todos os websites desenvolvidos pelo Ciasc: “A acessibilidade é sempre um pré-requisito dos produtos que nós desenvolvemos aqui no Ciasc. A questão é que nós precisamos de mão de obra que consiga dar vazão a esse trabalho. É aí que entra o papel do Gustavo, para construir isso com a maior naturalidade”, diz Amaral.
André Luiz Müller, um dos desenvolvedores que trabalharam no projeto, disse que o grande desafio foi passar a pensar a experiência do usuário com foco no deficiente visual. Isso exigiu uma adaptação por parte da equipe. “Nós sempre pensamos a experiência do usuário como algo visual, de design, onde quanto menos cliques melhor. Já o deficiente visual acessa o site por um de um leitor de tela. Foi a primeira vez que eu tive essa experiência”, admite.
Apesar dos percalços, Müller conta que se sente extremamente gratificado por trabalhar com um produto que ajuda a incluir digitalmente mais pessoas: “O sentimento é o melhor possível. Adequando o site para leitores de tela e deficientes visuais, nós conseguimos alcançar um público ainda maior de pessoas que estão atrás de serviços do Estado. Nós esperamos sinceramente que elas consigam chegar ao objetivo de uma forma muito mais prática”.