Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro
De lá e de cá
Tanto faz para onde você vai
Tão longe ou tão perto
Tanto faz para onde você vai
Uns tão altos humilham outros tão baixos
Ninguém, enfim, é superior a alguém
A não ser que lhe deem títulos
A não ser que aceitem tais títulos
Nobres todos somos, basta ser
Nobres com os animais
Nobres com as plantas
Nobres com o espelho, aceitando nossos erros
Nobres com os pretos
Nobres com os brancos
Nobres com os vermelhos
Nobres com os azuis
Nobres com os amarelos
E nobres também com quem mistura todas as cores
Um vai para a esquerda
Um vai para a direita
Outro não sabe para onde vai
Outro vai para onde mandam
Um sabe mandar
Um sabe obedecer
Há quem apenas olhe
Há quem observa
Há quem nada vê
Há quem muito enxerga
Um que fala aos montes
Um que nada fala
Um que nada teme
Um que tudo mascara
Um que só complica
Um que só comunica
Uns tão longe
Outros tão perto
Uns tão alegres
Outros tão quietos
Na imensidão que nos separa damos todos os nomes
Na extremidade esquerda a quebra
Na extremidade direita a caridade
Será que alguém é tão bom de verdade?
Os extremos tão distantes não distam tanto assim
Os extremos se unem pela distância que os separa
Apontam seus dedos de longe e gritam alto e ferozmente
E mesmo assim ouvem quem julgam odiar
Não é errado ceder
Nem ouvir o que cada um pode contar
Errado é não querer ouvir e tagarelar
Os extremos se unem por sua ânsia de negar
Alguns um tanto assim
Outros um tanto acolá
Dois doces para você
E três doces para mim
Menos para cada um
Mais para todo mundo
Tão simples nos unir
Mas preferimos nos separar