Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro
O caminho é árduo
E assim tem que ser
É prazeroso seu arder
Sobre pedras descansadas
Que trilham nosso pisar
O ar se renova, se eleva, se “anuveia”
Evapora, a viração some, vai e volta
O sol se apresenta
Quando longe já vamos, suando e ofegando
Mas contentes, admirados
Envoltos pelo verde,
Algum canto de riacho
Conversamos e rimos e até filosofamos
Sobre como seria possível, não filosofar
Sinuando o sinuoso leito do caminhar
Que é partir a pé
Até o alto da serra
Metro por metro
A paisagem a nos maravilhar
Quero acreditar que ninguém aqui
Consiga trazer maus pensamentos
Pois lá, contemplando os picos
Cânions e peraus
Pode-se ver até o mar
Lavouras distantes
Estradas, meros risquinhos
E as cidades tão pequenas
Lá no alto não vemos ninguém lá embaixo
Não há violência nem diferenças
Somem todos e apenas observamos
Há tanto para ver
Palavras desaparecem, desaparece o rancor
Apetece abraçar o vento
Desligar-se os sentidos
Apenas estar-se, ser
Às vezes precisamos ir longe
Para descobrir que o distante é logo ali
O tortuoso horizonte da Serra
Nos permite enxergar além
Um oceano de possibilidades,
Lá em cima,
Pode-se enxergar com o coração
E encantar-se de verdade
É preciso caminhar, cansar-se
Envolver-se na humildade
Do saber ser o pequeno
Na imensidão desse Universo
Nossos gostos ou vontades
Nossa covardia ou coragem
O que são perante o Universo?
O que são perante a Natureza?
Quando nos deixamos embriagar-se por ela?