Wagner Fonseca, poeta, professor e blogueiro
Às vezes se está vazio, tão completamente vazio que o próprio respirar nos pesa, nos estressa e até incomoda.
Às vezes se está tão imensamente vazio que só então percebe-se o quão carregados de coisas estamos. Quando não nos damos conta que são todas essas coisas que nos esvaziam. Na maioria das vezes só precisamos parar e silenciar.
Diz-me um amigo mui próximo que o silêncio também é utopia. Nesse caso, como nos recordava o saudoso Galeano, utopia é o que nos leva a caminhar rumo ao horizonte, esse futuro que “nunca se alcança”, mas nos hipnotiza, nos enseja a sempre seguir a frente.
Silenciar, muitas vezes é a única coisa de que realmente necessitamos. Estamos tão egocentrados em nossos mundinhos cotidianos que simplesmente esquecemos essa virtude de nada querer. Aliás, demasiadamente e a cada dia que passa avolumamos infinitamente essa necessidade de desejar a tudo e a todos de um jeito que já não tomamos freio em nossas vidas. De nada adianta fingirmos essa preocupação com o meio e o próximo.
Ou buscamos o silêncio, esse instante vívido e intrínseco ao bem viver, ou estaremos sempre no percalço de algo para nos consumir e às nossas angústias, essas, frutos justamente de um nunca parar.