Wagner Fonseca, poeta, professor e blogueiro
Faço da leitura uma oração, uma abraço querido, uma saudade relembrada e reconfortada todos os dias. Queria poder ler mais, entender mais, visualizar mais daquilo tudo que escrito está.
Como passar incólume à leitura? Como é possível ser passivo ante letras enunciadas em frases que instigam o pensar profundo e verdadeiro? Não há, para mim, meio pelo qual se possa ler simplesmente e se abster da existência do que me é dito. Cada pensamento milimetricamente sistematizado no espaço de um parágrafo me convida insistentemente a superar os limites de minha ignorância. O pensamento insinua-me a reflexão e sem ao menos perceber me vejo seduzido por um mundo novo em cada linha.
Do pensar rígido entrego-me à reflexão mais aberto. Deito-me em sonhos translúcidos guiados por metáforas e objetos mais concretos. Reflito. Leio e sou lido, vejo e sou visto, suspiro e me integro a um universo de possibilidades. Sou leitor e leitura, ser pensante pensado. Devaneio, eterno. Como ler e estar longe ao mesmo tempo?
A leitura me abraça, me seduz. Sou ente pensado e refletido na poesia implícita da filosofia que guia meus olhos.
Adormeço feliz pelo peso do pensar. Em poucos minutos de descanso sinto a evolução do existir ligar e desligar corpo, alma e mente. Em minhas mãos um livro cuida de mim.