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Educação: até quando estaremos a debatê-la? Uma reflexão para o dia dos professores

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Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro

Comecei esse texto para discutir justamente a educação e aí o tempo passou, a inspiração sucumbiu, os hiatos se avolumaram e cresceu como um reflexão para o dia do professor e da professora. Estaremos anos e anos a discutir sobre tudo o que envolve nossa profissão e não conseguiremos expor tudo.

Nada que se fale sobre a educação será novo e dizer isso também será repetitivo. Todos os problemas que surgem na escola, na sala de aula tendem a parecer, para nós professores, muito bem arquitetados por uma “entidade superior”. Para relembrar Darcy Ribeiro, o descaso com a educação brasileira é mais projeto do que resultado de um caos.

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Um observador atento às centenas de problemas que se avolumam diariamente nas salas de aula poderá perceber que a culpa vai além de professores despreparados, doentes, estressados e alunos pouco “inspirados”, estimulados ou alienados do próprio mundo que os cerca. O discurso de que a educação brasileira não tem qualidade também não convence, afinal, o que vem a ser essa tal de qualidade na educação? Quem a conceitua? Por quê? Baseado em quais fatores?

Um professor ou professora em sala de aula tem dois meses para construir a média dos seus alunos, três notas no mínimo. Nesse tempo para cada disciplina há aproximadamente duas aulas por semana, totalizando dezesseis aulas no bimestre. Claro que essa é a média do ensino médio, pois há disciplinas com uma aula semanal e outras com três, fator a mais para complicar a vida dos professores. Há disciplinas demais no ensino médio e desnecessárias? Não, não há. O que há de problemático é a própria forma como se estrutura o sistema, com uma pressão louca sobre professores para construir as notas de alunos que pouco se importam com temas, conteúdos, sejam eles atraentes ou não. Como dizem por aí, o maior desafio dos professores é ensinar aqueles que não querem aprender.

Comumente vemos professores tentando inúmeras coisas diferentes para atrair a atenção dos alunos, elaborando diferentes atividades, propondo coisas o suficientemente distintas para sair do marasmo que é a sala de aula. Porém, ano após ano, o que tenho percebido é a grande quantidade de desânimo que toma conta das salas de aula. A mim parece que nada mais é interessante e aos poucos o desânimo vai tomando seu espaço e a mediocridade se torna um futuro possível. É um sistema falido? Não creio que se trate disso, apenas precisa ser repensado. Como podemos ser bom professores se passamos mais tempo avaliando e fazendo recuperações do que ensinando algo?

A necessidade de ser criativos em cada atividade, cada avaliação, cada revisão de avaliação e cada recuperação imprime em nós um cansaço para além de nossas capacidades criativas. Some a tudo isso os mandos e desmandos de governos preocupados unicamente em complicar ainda mais a vida dos professores e temos aí o atual cenário caótico da educação escolar brasileira.

De uma coisa eu tenho certeza, pequena, mas a tenho: é preciso mudar o sistema bimestral de avaliação do ensino médio, trazê-lo para mais próximo do que é oferecido pelas faculdades e da mesma forma repensar a forma de avaliação. Facilmente vemos nossos alunos se contentando com nota seis porque está na média, no entanto a realidade é outra. Estamos formando mais e mais analfabetos funcionais, alunos semialfabetizados em toda e qualquer disciplina e ainda alunos menos capacitados para as situações da vida. A nota pouco importa como pouco importa reprovar, aprovar, desistir de estudar, seja o que for. É só entrar em uma sala de aula e questionar aos alunos o que querem da vida, o que pensam de si próprios ou da realidade que os cerca. A maioria sequer tenta refletir sobre o que lhes acontece ou sobre o que acontece no mundo. Nada que nós professores façamos lhes chama a atenção realmente. Óbvio está que tais constatações não devem ser aplicadas a totalidade de nosso alunos.

Nesse dia dos professores gostaria de comemorar como professor que sou, mas isso também já parece pouco. Como dizemos, o que ainda não foi falado sobre a educação escolar? Todos parecem ser especialistas em educação, é só observar a internet e como as redes sociais canalizaram todas as decepções de milhares de pessoas que não tiveram acesso à escola ou pouca importância deram ao seu tempo em sala de aula. Só pode ser isso: descarregam hoje pelas redes tudo o que não puderam fazer ou não tentaram no passado. Ouvi essa semana três pessoas reclamando que os professores trabalham pouco, que vivem fazendo feriadão. Eu lhes digo: quantos alunos estarão presentes em sala no feriadão? Ah, e não adianta marcar prova, trabalho que isso pouco influencia, afinal seremos obrigados e repor notas, recuperar e aprovar mesmo que pouco saibam ou tenham se esforçado para saber.

Ainda nos resta alguma esperança, pouca, fraquinha, mas nos resta. Lembro com saudades do tempo em que propúnhamos saídas a campo e lotávamos ônibus, quando organizávamos jogos, festas juninas, feiras e gincanas e os alunos davam o máximo de si. Quantos belos trabalhos de apresentação, trabalhos fotográficos, quanta ousadia de nossos alunos. Isso era a média, hoje cada vez mais são tentativas esparsas. Mesmo a tecnologia facilitando tudo! Com o celular em mãos vejo alunos e alunas sem condições fazerem belos trabalhos enquanto a maioria usa o mesmo celular para se evadir da realidade. Não, não somos doutrinadores como tem sido propagado por aí. Mal somos ouvidos, porém não desistimos… ainda…

Dia 15 de outubro, nosso dia, nesse ano de 2017 em um domingo e estarei realizando pela décima vez uma saída a campo com alunos e alunas ao cânion Itaimbezinho. Minha folga, meu trabalho. Uma luta maior a cada novo dia. Para cada colega professor e professora nesse dia, não pedimos muito, apenas o respeito que cada profissão merece.


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