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Está tudo bem não estar tudo bem

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal

Tem dias que você sente que as coisas ao seu redor não estão tão legais como nos outros dias, que situações que há um dia atrás eram facilmente contornadas ganham da noite pro dia um peso imenso e exigem muito esforço para lidar com elas. As pessoas estão “chatas”, o ambiente está “pesado”, o dia está “feio”. Até que alguém pergunta: “Tudo bem?” E você percebe que realmente não está, que não foram as coisas que mudaram da noite pro dia, foi você que não acordou tão resiliente assim.

Pessoas que são rígidas consigo mantém um padrão de exigência com o outro mas principalmente com elas mesmas, e por isso sentem dificuldade em tolerar quando não estão tão bem como acham que deveriam estar. Não conseguem acolher as próprias limitações emocionais e possuem a tendência em mascarar o que sentem, ou ainda, inconscientemente se desconectam das próprias sensações e adotam comportamentos padronizados como forma de garantir que vai ficar tudo bem: forçam um sorriso, insistem em atividades custosas, negligenciam os “sinais” de que não está tudo bem assim.

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Todas as emoções e sentimentos possuem uma origem, um motivo para estarem ali. Porém as vezes não conseguimos identificar o que existe por trás daquela tristeza, da irritabilidade, da angústia, apenas sentimos que não estamos como nos demais dias. E neste momento, ao nos darmos conta de que não é o dia que ficou “ruim” de repente, mas que é o nosso olhar sobre ele que o fez ficar “ruim”, que precisamos nos questionar: “O que eu estou precisando neste momento?”

Quando fizemos pausa nos julgamentos com relação ao que sentimos e sobre a nossa falta de resiliência, passamos a escutar verdadeiramente as mensagens que nosso corpo está mandando. Ás vezes só precisamos de um descanso, de uma pausa no modo automático de viver, ás vezes precisamos de uma companhia que acolha os nossos sentimentos, ou ainda, de um tempo sozinhos. E se nos ouvirmos com sensibilidade, treinando a censura para que ela dessa vez fique longe dos nossos desejos, conseguimos parar de lutar contra aquilo que precisamos no momento e passamos a nos acolher integralmente.

Este acolhimento que buscamos geralmente no outro, precisa antes de tudo ser desenvolvido por nós mesmos. E a melhor forma de desenvolvê-lo é minimizando a auto censura, os julgamentos e a exigência de que temos sempre que “dar conta” das próprias emoções. Cada vez que negamos a forma como nos sentimos aumentamos o sentimento de insatisfação porque vamos agir não de acordo com o que o nosso sentimento está nos pedindo mas sim de acordo com o que julgamos que ele deveria pedir.

A recorrência de períodos de tristeza ou irritabilidade precisam ganhar atenção, e a melhor forma de se acolher nestes momentos é buscando auxílio psicológico. Se você hoje não está se sentindo tão bem como gostaria de estar, perceba o que seu corpo está pedindo e de que forma você pode atender a este pedido de forma saudável, para se reequilibrar e fortalecer a sua resiliência para os próximos momentos.

Está tudo bem não estar tudo bem, acolha os seus sentimentos ao invés de negá-los ou de querer transformá-los racionalmente. Seja amigo (a) de quem você é e evite sobretudo censurar o que você está sentindo.


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