Erros de arbitragem acontecem e, infelizmente, estão sendo normais em jogos de futebol. Cada vez mais, a impressão é de que as partidas são interferidas por faltas mal marcadas, pênaltis inexistentes e impedimentos assinalados de forma equivocada. Entretanto, ao analisar uma atuação, tento colocar vários fatores acima de falhas do árbitro. Questões táticas, técnicas, comportamentos individuais e méritos das equipes acabam ficando acima de tudo.
Em contrapartida, o que venho observando nas últimas semanas é que esses fatores estão ficando abaixo dos erros de arbitragem. Para muitos, o Criciúma não será campeão do returno por causa da arbitragem. Já ouvi até mesmo teorias “pró-Chapecoense”, por ser o time queridinho do Brasil após a tragédia do último ano. Já beira o choro e a construção de conspirações baseadas no vazio, sem fontes concretas.
Houve erros? Houve, sem dúvida. Mas sempre parto da premissa de que nada é concreto. O gol anulado não garantiria vitória, tampouco o pênalti não marcado era certeza de gol. O exemplo mais claro dessa minha forma de pensar está na derrota por 1 a 0 diante do Joinville. Diego Giaretta teve um gol mal anulado no começo da primeira etapa. Só que o Criciúma vinha sofrendo muitos gols na época e quem garantiria que o jogo terminaria com vitória para o Tigre? Depois do gol, teríamos, tranquilamente, 75 minutos de bola rolando. É tempo suficiente para um time reagir ou para o outro alargar a vantagem.
O único jogo em que o Criciúma realmente saiu prejudicado, a ponto de considerar que os três pontos não vieram por erro do árbitro, foi no empate sem gols diante do Figueirense. Pela forma como a partida transcorria e pelo período do tento, dificilmente o time de Florianópolis conseguiria empatar após o gol anulado de Jheimy. Seriam dois pontos a mais que colocariam o Tigre mais próximo da Chapecoense.
Mas será que o Criciúma também não teve seus deméritos? Contra o Brusque, por exemplo, tinha o jogo em mãos. Vacilou, tomou 4 a 2 e contou com um Alex Maranhão inspirado para arrancar o empate. Outro exemplo claro foi novamente a derrota por 1 a 0 diante do Joinville. Apesar do gol mal anulado, o jogo continuou, o Tigre teve chances, mas morreu após uma substituição infeliz de Deivid, que acabou com qualquer chance de vitória após a expulsão de Barreto.
O resumo disso tudo é que vejo muitos mais preocupados em reclamar e procurar justificativas para os erros do que tentar encontrar soluções e maneiras eficazes de minimizar os erros. Apontar o dedo e dizer que está errado é mole e qualquer um pode fazer. Difícil é apresentar um modelo de trabalho que possa melhorar o desempenho dos árbitros e diminuir as interferências durante os jogos.
Além disso, é preciso reconhecer os méritos adversários. A Chapecoense, provável campeã do returno, não perde desde o dia 11 de fevereiro. São dois meses sem derrotas no estadual! Neste período, foram nove vitórias e dois empates, com 29 gols marcados e cinco sofridos. A Chape marcou pelo menos dois gols em oito jogos e ainda passou sete sem sofrer gols. Está invicta no returno! É mesmo uma conspiração pró-Chape ou o time do Oeste tem méritos e é merecedor de conquistar o returno?
Por mais que erros tenham acontecido, é fato: os dois melhores times do campeonato estarão na grande decisão, Chapecoense e Avaí.
O Criciúma está sofrendo um choque de filosofia. Saiu Roberto Cavalo, técnico mais rústico, de jogo mais reativo, e entrou Deivid, profissional com ideias novas e que apresenta uma forma de jogar mais propositiva e com bola no chão. É um choque forte e intenso para o elenco e a adaptação ainda não foi feito 100%. Em momento algum o Tigre mostrou forças para lutar pelo título. Qualquer sugestão em relação a isso não passa de choro ou teoria conspiratória.