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O que era verde aqui já não existe mais…

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A Legião Urbana cantava esse verso do título em uma de suas músicas que costumamos utilizar em sala de aula. “Fábrica” sempre tem um ponto a favor quando discutimos o mundo do trabalho ou a Revolução Industrial, porém gosto de seu vínculo direto com a sociologia urbana.

Quando trafego por Forquilhinha, Meleiro e Turvo, principalmente, esse verso me vem à mente ressoando em meus devaneios. O verde está indo embora? Não, estamos expulsando-o daqui!

Quando observo os inúmeros empreendimentos imobiliários na região – os famosos loteamentos – é aí que se percebe o quanto o verde tem sido expulso de nossas proximidades. Menos verde, mais animais silvestres atropelados pelas estradas, menos sombra, mais calor e por se vai a diferentes escalas de consequências. A meta é crescer, tão somente isso. Crescer mais e mais, cada vez mais. Aos nossos políticos parece que somente isso importa e o desenvolvimento fica de lado.

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Lembro-me de uma fala em uma rede social que me abalou certa vez. Uma personalidade da região (alguém bem conhecido) expunha seu pensamento sobre o loteamento Eldorado, no bairro Santa Líbera, sobre as constantes reclamações feitas pelos moradores à administração municipal em cada nova enxurrada que deixava o bairro intransitável. A referida pessoa então dizia que as pessoas deveriam primeiramente pesquisar a viabilidade do local onde adquiririam seus futuros lotes, ou seja, transferia a culpa dos problemas aos moradores que não tinham condições de comprar um lote melhor e por isso deveriam arcar com as consequências. Um pensamento ruim, diga-se de passagem, mas a quem cabem as licenças necessárias e todas as vistorias para a efetivação de um empreendimento imobiliário desse porte?

Eis aí um ponto convergente nesse devaneio. É tão comum vermos nos filmes aqueles bairros projetados com tanto verde em suas largas avenidas e me pergunto o porquê disso não acontecer por aqui. Nem precisamos refletir muito, basta pensarmos na ideia de crescimento, pois alguém com certeza lucra com tudo isso, mas e o bem estar das pessoas? Obviamente ao empresário é concedido o seu direito ao lucro, algo que aceitamos sem muito pestanejar. Todavia, cresce a cidade e crescem seus problemas concomitantemente, enquanto a resolução dos mesmos parece ficar para segundo plano (ou para quando as coisas vêm a tona…).

Por fim, tendemos a naturalizar as coisas, um lugar-comum no nosso modo de ser e assim aceitamos tal degradação, afinal, ao esticarmos os olhos vemos o horizonte verde azulado da serra geral, lá onde a natureza selvagem ainda nos garante um pouco de água pura. Visitei a barragem do rio São Bento há uma semana em entristece ver as pessoas lavando seus carros semanalmente sem um cuidado maior.

Estamos apagando o verde de nossa cidade e as autoridades maiores parecem pouco se importar. O ideal de progresso e crescimento cavalga a passos indecisos às vezes, mas não para seu ritmo. Por outro o lado o desenvolvimento humano carece de mais atenção e cambaleia na vala comum dos gastos supérfluos. Que mundo deixaremos para o filhos nossos? Que filhos deixaremos para esse mundo se não investirmos em educação, cultural lazer e esportes saudáveis?

Assim como inicia-se tal reflexão, deixo-a com outro verso: “Quem me dera acreditar, que não acontece nada…”


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