A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC) da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina está trabalhando no planejamento de ações para a intensificação do combate ao mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, chikungunya e zika, no Estado. “Diante da expectativa de um verão de altas temperaturas e de clima úmido – condições propícias à proliferação do mosquito – é fundamental que as ações para eliminação de potenciais criadouros sejam intensificadas”, alerta Suzana Zeccer, gerente de Zoonoses da Dive/SC.
Dentre as medidas previstas está a realização, em novembro, do Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti – LIRAa nos 50 municípios considerados infestados pelo mosquito e nas 22 cidades sob risco de infestação. “Realizado de forma rápida em uma amostra dos imóveis existentes, o LIRAa nos apresentará a realidade atual em relação aos principais depósitos encontrados no ambiente, potenciais criadouros do mosquito e o número de focos identificados durante as vistorias. Assim, poderemos predizer os riscos e direcionar as ações para os depósitos identificados”, explica João Fuck, coordenador do Programa de Controle da Dengue de Santa Catarina.
Entre os dias 22 a 24 de novembro, em Balneário Camboriú, será realizada uma reunião com os supervisores regionais e os coordenadores municipais dos programas de controles da dengue de municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti ou com transmissão de dengue, chikungunya e zika no Estado. Nessa reunião, estarão sendo debatidas estratégias operacionais a partir da análise dos dados entomo-epidemiológicos alimentados no sistema Vigantos; utilização oportuna e adequada de inseticidas; integração com outras áreas da saúde e demais áreas da administração municipal.
A sala de situação estadual vem participando das videoconferências junto à sala nacional, quinzenalmente, oportunidade em que há reunião dos representantes das instituições envolvidas com discussão dos temas em evidência.
Uma outra preocupação da Dive/SC é que as atividades dos programas municipais de controle da dengue sejam mantidas e intensificadas durante os meses de novembro de 2016 a março de 2017. Este período é considerado o de maior risco para transmissão das três doenças e que irá coincidir com o período de transição na administração dos municípios catarinenses que tiveram um grande índice de renovação em suas prefeituras. Visando minimizar esse risco, estão sendo encaminhados ofícios aos atuais e futuros prefeitos dos 295 municípios catarinenses sobre a importância da continuidade das atividades dos programas municipais neste período.
Além disso, pela primeira vez Santa Catarina terá um mapa real da situação enfrentada pelos municípios no combate ao mosquito Aedes aegypti. Até o início de dezembro, serão divulgados os resultados do Diagnóstico de Enfrentamento realizados com todos os municípios catarinenses com base nos cinco eixos do Plano de Contingência Estadual: controle vetorial; vigilância em saúde; assistência ao paciente; gestão e ações de mobilização; comunicação e publicidade. Sobre cada eixo, várias perguntas foram feitas aos gestores a respeito das dificuldades enfrentadas para a execução das ações. “A partir desse diagnóstico inédito poderemos elaborar estratégicas específicas para a próxima temporada e até contribuir para a qualificação dos planos de contingência municipais”, ressalta João Fuck.
Uma campanha de mídia já foi deflagrada no estado para lembrar a população sobre as atitudes que devem ser tomadas no dia a dia, em casa e no ambiente de trabalho, para eliminar recipientes que possam acumular água, manter as caixas d1água e cisternas vedadas e realizar a limpeza semanal daqueles locais que podem se tornar potenciais criadouros, como por exemplo, as calhas.
Panorama epidemiológico
Santa Catarina está há 13 semanas sem transmissão autóctone de dengue, ou seja, nenhum novo caso foi confirmado no Estado nesse período. De acordo com o último Boletim Epidemiológico (31/2016), 4.356 casos de dengue foram confirmados entre 1º de janeiro e 22 de outubro. Desses, 3.977 eram autóctones, 278 importados e 101 estão em investigação de Local Provável de Infecção (LPI). Esses dados representam um aumento de 18% em relação aos 3.273 casos autóctones confirmados em 2015 no mesmo período.
Este ano, oito municípios registraram epidemias de dengue no Estado: Serra Alta, Bom Jesus, Coronel Freitas, Descanso, Modelo, Chapecó e União do Oeste, todos na região Oeste. A primeira epidemia de dengue em Santa Catarina ocorreu em 2015, em Itajaí. Dois óbitos por dengue foram registrados em Santa Catarina, ambos em 2016.
Em relação aos focos do mosquito Aedes aegypti, foram identificados 6.326 focos, em 133 municípios até o momento. Neste mesmo período em 2015, tinham sido identificados 5.966 focos em 111 municípios. De acordo com o último boletim, conforme informações sobre o Local Provável de Infecção (LPI), existe a confirmação de transmissão autóctone de dengue em 27 municípios de Santa Catarina: Balneário Camboriú, Bom Jesus, Brusque, Caibi, Chapecó, Coronel Freitas, Descanso, Florianópolis, Guaraciaba, Guatambu, Itajaí, Joinville, Itapema, Itapoá, Maravilha, Modelo, Nova Itaberaba, Palmitos, Pinhalzinho, Quilombo, São José do Cedro, São Lourenço do Oeste, São Miguel do Oeste, Saudades, Serra Alta, União do Oeste e Xanxerê.
Os 50 municípios considerados infestados pelo mosquito Aedes aegypti são: Anchieta, Balneário Camboriú, Bom Jesus, Caçador, Camboriú, Campo Erê, Catanduvas, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Coronel Martins, Cunha Porã, Descanso, Florianópolis, Guaraciaba, Guarujá do Sul, Itajaí, Itapema, Itapiranga, Ipuaçu, Joinville, Jupiá, Maravilha, Modelo, Nova Erechim, Nova Itaberaba, Novo Horizonte, Palma Sola, Palmitos, Passo de Torres, Pinhalzinho, Planalto Alegre, Princesa, Porto União, Quilombo, São Bernardino, São Carlos, São Domingos, São José, São José do Cedro, São Lourenço do Oeste, São Miguel do Oeste, Santo Amaro da Imperatriz, Saudades, Seara, Serra Alta, Sul Brasil, União do Oeste, Xanxerê e Xaxim.
Os outros 22 municípios que estão em situação de risco – por apresentarem aumento do número de focos e de área de detecção; introdução do Aedes aegypti devido à proximidade com municípios infestados com transmissão ou infestados; ocorrência de casos isolados ou por serem polos nas regiões em que estão inseridos – foram orientados a implantarem salas de situação. São eles: Balneário Piçarras, Blumenau, Bombinhas, Brusque, Caibi, Canoinhas, Concórdia, Criciúma, Dionísio Cerqueira, Ilhota, Itapoá, Jaraguá do Sul, Luís Alves, Mondaí, Navegantes, Palhoça, Penha, Porto Belo, São Bento do Sul, Sombrio, Tijucas e Tubarão.