Nesta segunda-feira, dia 17, completa-se um ano da reestreia de Roberto Cavalo no comando do Criciúma. O atual treinador carvoeiro é o mais longevo dos últimos anos e está no top-10 entre os que mais treinaram a equipe. Até agora, na segunda passagem ao menos, são 62 jogos, com 27 vitórias, 12 empates e 23 derrotas, com um aproveitamento de 50%. Estes números estão diluídos em um 12º lugar na Série B do último ano, em eliminações precoces na Copa da Primeira Liga e Copa do Brasil, onde caiu na primeira fase, no segundo lugar do Campeonato Catarinense deste ano e no atual 7º lugar na segunda divisão.
Mas se o time não subiu de divisão e tampouco conquistou algum título, o que faz com que permaneça no clube por este longo período? Difícil explicar. O trabalho de Roberto Cavalo está longe de ser 100% agradável. Uns gostam, outros não. Muitos enxergam pontos positivos no aproveitamento da base, outros já observam problemas nas mexidas durante os jogos. Posso dizer que me incluo no bloco dos que mais veem coisas ruins no trabalho de Cavalo.
Meus principais questionamentos estão em cima de convicções do treinador no qual discordo, especialmente no modelo de jogo. Me desagrada observar um Criciúma extremamente dependente das bolas alçadas na grande área e dos arranques individuais de atletas como Dodi e Roberto. Observando o elenco atual, penso que dá para fazer mais.
Mas você pode me questionar: “ah, mas o time está brigando pelo acesso, então pouco importa”. De fato, para o torcedor pouco deve importar mesmo. Para quem tem a função de analisar, importa, e importa bastante. O Criciúma estar lá em cima com um futebol truculento, físico e de pouco repertório é sinal de uma Série B de baixo nível técnico.
Entretanto, apesar deste meu questionamento a Cavalo, reconheço as coisas boas que fez ao time, como dar confiança a jovens atletas. Gustavo e Dodi, por exemplo, são jogadores que devem muito ao atual técnico por coloca-los como titulares e explorar ao máximo os seus pontos fortes. Mas não consigo pensar que o Tigre tenha dado um passo concreto para frente neste último ano.
Claro, é positivo que se mantenha um técnico por um longo período. No Criciúma, especialmente, isso é raro. Porém, há casos e casos. Já observei casos de treinadores que ficaram por meses no cargo, que era visto que nada estava dando certo, e só saíram quando o estrago já estava feito. Manter o técnico por manter não é segredo do sucesso. Essa sequência de trabalho é importante para conhecimento de elenco e manutenção de uma filosofia de jogo.
“Filosofia de jogo”. Aí um ponto chave. Isto existe no Criciúma? Cruzar, lançar e abusar do jogo físico não é necessariamente uma “filosofia”. Está mais para uma alternativa para quem não consegue fazer a equipe apresentar algo diferente dos rivais.
Convicção do trabalho? Tem também? Não vejo nenhum dos dois. Quantos jogadores foram titulares e, do nada, perderam espaço com Cavalo? Não foram poucos. Bruno Lopes, Wellington Saci e Élvis são três exemplos claros. Os três foram de titulares para dispensados. E quantos eram titulares, viraram últimas opções e, repentinamente, tornaram-se titulares novamente? Isso não é convicção.
Um ano. É bastante coisa na história do clube. Mas também é bastante para um técnico que passou por vários clubes e não realizava um trabalho concreto há algum tempo. Afinal de contas, qual é o preço que o clube está pagando por ter Cavalo por todo este tempo? O que ele fez e vem fazendo de tão especial para ainda estar no cargo? É por ser amigo do presidente e da imprensa? Ou é por causa da imagem de ídolo que construiu como atleta? Ou será que a diretoria considera que ele esteja inovando, trazendo um fator novo para o futebol criciumense? É algo que não consigo responder.