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O que torna uma cidade atrativa?

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Evocar a pandemia como um dos fatores que fez crescer a busca por “sair de casa” já virou lugar comum. Muitas são as pessoas que resolveram se “reconectar” com a natureza como se a ela fosse algo do qual somos desligados. Ou, quem sabe, conhecer novos lugares, os atrativos de pequenas e diminutas cidades esquecidas nos mais distantes rincões desse país continental.

Nesse caso, o turismo é um fator sempre lembrado quando se fala na economia de qualquer pequeno município. Os gestores se veem obrigados a pensar e investir no turismo, pois a cobrança é feita, principalmente pelas parcelas envolvidas mais diretamente com a economia local. Por outro lado, aos moradores fica sempre a questão do que pode ser considerado turístico em uma cidade quando não “há nada de turístico” por ali. O que fazer?

Algumas cidades têm o “privilégio” de contarem com atrativos naturais que encantam visitantes mais que os próprios residentes. Já visitei lugares cujos moradores locais com mais de 60 anos nunca haviam se dedicado a conhecer. Também já visitei lugares ditos turísticos que pouco têm a oferecer além da propaganda que se faz sobre. Há que se ponderar no que tange a investimentos em uma área que pode se tornar mais elitista ainda, pois quem sai turistando por aí costuma se assustar com o alto preço de uma xicara de café. Também há quem não se incomode em pagar caro por uma fatia de um bolo e assim seguimos.

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É nesse ponto que nos questionamos: o que torna uma cidade atrativa? Sua natureza exuberante? Mas quando não há “exuberância” o suficiente para atrair novos turistas? É possível criar uma estética nova na paisagem natural local para atrair atenção de turistas? Como são os rios locais? Sujos, fétidos, massacrados? E se não houver nenhum apelo natural visível, como insistir num turismo sustentável? Monumentos? A quem foram erguidos? Que impacto histórico trazem ao visitante?

As praças locais têm nomes realmente importantes ou apenas assassinos de índios, escravagistas ou torturadores? E as construções? Há algum centro histórico que enalteça algum sentimento de estar ali vislumbrando o passado? Ou tudo que “foi histórico” só existe em fotos? Há muito que se questionar, com certeza.

O que torna uma cidade atrativa são suas belezas naturais, mas também suas belezas humanas, digamos. Os bairros bem organizados com ruas limpas, com calçadas alinhadas são ou deveriam ser tão atraentes quanto os jardins ou as praças. A educação de um povo, o tráfego de veículos, as vias de acesso ao município devem ser tão convidativas a ponto de fazer quem chega querer ficar mais.

Uma cidade organizada, alinhada, que atenda seus munícipes e que esses saibam e protejam, zelem pelo patrimônio público; uma cidade que cada entrada e saída seja um convite ao retorno; uma cidade que tenha um centro bonito, espaçoso, mas que também tenha bairros com estrutura, comunidades rurais com acesso seguro, aparelhos públicos que realmente abracem visitantes e moradores…

Realmente invejo cidades que tenham sido criadas envoltas com uma natureza exuberante. Todavia, aquelas cidades que têm em si somente uma natureza modificada, quando não destruída, precisam investir mais no social, no cultural a fim de, pelo menos, serem fontes do ensejo de ali ficar. Se o próprio povo local não gosta da cidade onde vive, como poderá se falar em turismo? Talvez o investimento mais impactante não seja em quem vem de fora, mas em quem vive aqui dentro.


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