Chilena, radicada em Criciúma, vai representar a cidade na Mizunno Uphill, considerada a maratona mais difícil do Brasil.

Há três anos a chilena Giselle Loncoman, de 32 anos, escolheu Criciúma para chamar de lar. E desde então, conta com o apoio e incentivo do marido, Joel Arantes de Bem Junior, para os treinamentos. A profissional de educação física, no dia 29 de maio, foi a única representante de Criciúma, na categoria feminina, a disputar e completar o Ironman, em Florianópolis, com o tempo de 13h50min. Para ela, este foi um marco na carreira como triatleta e uma preparação para o próximo desafio que já tem data marcada.

No dia 3 de setembro de 2016, Giselle representará Criciúma na Mizunno Uphill, considerada a maratona (42.195m) mais difícil do Brasil, pois será realizada saindo de Treviso até o mirante da Serra do Rio do Rastro. Essa prova acontece daqui três meses e Giselle já está comprometida a superar seus limites.

Entretanto, o interesse por corridas e provas de triathlon é algo recente. No final do ano passado, Joel se formou na primeira turma de treinadores oficiais da marca IRONMAN. Empresa que realiza a prova do Ironman que consiste em: 3.800m de natação seguidos de 180 km de bike e finalizando 42.195 metros (maratona) de corrida. Porém, essa prova requer uma preparação muito especial e mais longa do que o normal, pois são até 17 horas de esforço ao seu nível máximo. “Graças a regularidade e competência de Giselle nas provas do Estado, acabou sendo presenteada com uma vaga para a tão sonhada prova do Ironman, em Florianópolis. Porém com somente 3 meses antecedendo a competição”, lembrou Joel.

Foi aí que tiveram que se desdobrar entre trabalho com treinamento esportivo e academia, e ao mesmo tempo conseguir prepará-la em tempo para a prova. “Esses 3 meses foram de muita dedicação e sofrimento, pois algumas etapas tiveram que ser encurtadas em sua preparação”, revelou o treinador.

Mas enfim, no dia 29 de maio o tão sonhando dia chegou. E chegou com muita chuva e vento, acompanhado de muito frio. “Não bastasse a dificuldade da competição, o clima veio como o teste máximo de capacidade de um atleta, dentre os 2 mil presentes de todos os lugares do mundo para finalizar esta grande prova e poder dizer ao final de tudo que você é um Ironman”, refletiu.

Joel analisa que diferente da maioria das competições, no Ironman, o resultado de colocação de um atleta é o que menos importa, frente a grande maioria dos que participam. Pois somente o fato de conseguir completar, já é uma grande conquista. E esse fator se confirma pois somente 4% dos atletas que participam são profissionais. Sendo que se exige tamanha preparação e tudo o que envolve o processo, desde as estratégias nutricionais ao fator psicológico, tudo isso demanda muito tempo diário de uma pessoa. Giselle conseguiu completar a prova em 13 horas e 50 minutos.

Com o amor, veio o interesse pelo triathlon

O interesse pelo triathlon iniciou aos poucos. Assim como as participações em grandes provas. Há 3 anos Joel fez uma viagem para Buenos Aires há passeio. Lá acabou conhecendo a Giselle. Assim como Joel, ela também é profissional de Educação Física. Trabalhava como instrutora de natação, que até aquele momento era seu esporte. Ela possui um dos títulos mais difíceis de capacitação em salvamento aquático, a A.M.G.A.A, um centro de capacitação de guarda vidas argentino, que é considerado um dos mais completos do mundo.

Após o casal se conhecer, Joel retornou ao Brasil e prometeu retornar um ano depois para vê-la. Após algumas idas e vindas, eles se casaram e vivem em Criciúma há três anos. Apesar de terem se conhecido em Buenos Aires, sua nacionalidade é chilena. Aqui acabaram trabalhando juntos, pois possuem uma academia de musculação no Criciúma Clube. “Através do meu histórico de competições que antes vinha dos esportes coletivos (basquetebol), acabei incentivando uma maior competitividade a ela que por ainda não conhecer a região, por muitas vezes resolvia sair e correr. E do hobbie começaram a vir algumas competições de corrida”, lembrou. Logo na primeira corrida que participou acabou ganhando, que foi a volta a lagoa da conceição, prova de 10km.

A partir daí, aflorou seu desejo de continuar competindo para ver até onde poderia ir nas competições. Nesse caminho, Joel acabou comprando uma bicicleta para que seus caminhos e trajetos se tornassem maiores ainda.
“Com uma bicicleta (ainda montain bike) acabamos nos inscrevendo para o primeiro triathlon, o X-terra. Mal sabíamos que essa competição é uma das mais difíceis do triathlon hoje, pois existe no mundo inteiro.

E novamente, ela acabou conquistando também o primeiro lugar em sua categoria e muito perto das atletas de elite da prova”, salientou Joel. Foi aí que perceberam que Giselle possuía certo talento para competições duras com alto grau de dificuldade. “A partir daí fui federada pela Federação Catarinense de Triathlon. E não paramos mais”, disse a triatleta.

Por 2 anos ela ganhou provas e já é pela segunda vez consecutiva campeã estadual em sua categoria de idade 30 a 34 anos. Como sua ambição e desejos por competição são constantes, ela continuou a participar de provas de corrida também. Com o tempo descobriram uma modalidade de corrida nova no mercado: corridas com obstáculos militares. “São provas que você, além de correr, tem que atravessar açudes, rastejar por arame farpado, pular muros, atravessar montanhas, tudo isso na distância de 10 km”, contou Joel. Giselle também acabou vencendo todas as 3 competições que participou.

Ano passado ela venceu a chamada “Apocalipse”, considerada a maior competição de obstáculos militares do mundo, realizada as margens da Serra do Rio do Rastro. Foram 21km com 30 obstáculos militares por entre a mata fechada que costeia a subida da Serra.

Francine Ferreira – Jussi Moraes